Cavaco visita hoje a Nokia de Alfragide onde a precariedade é regra

Cavaco Silva anuncia hoje a sua visita à Nokia Solutions Networks para inaugurar o Global Delivery Centre Portugal, um dos dois que a empresa possui no mundo a par de outro similar na Índia.

Cavaco visita a Nokia em Portugal, onde a precariedade alastra
Cavaco visita a Nokia em Portugal, onde a precariedade alastra

Com pompa e circunstância, aliás como tem vindo a ser hábito, Cavaco anunciará que é mais um cluster de excelência tecnológica do que melhor se faz em Portugal. Nada de novo nas suas palavras prenunciamos! Mas será que ao andar na passadeira vermelha saberá o que esconde essa excelência? Saberá porventura o Presidente da República que a NSN despediu trabalhadores em todos os países para que o custo do trabalho pudesse baixar para os seus clientes em todo o mundo? Portugal e Índia porquê? Porque a política de baixos salários e de desvalorização do trabalho que tem vindo a ser seguida por este Governo, permite que esse custo já esteja ao nível da Índia.

A NSN na sua demonstração de resultados de 2012 apresentou os melhores resultados de sempre, mas ao mesmo tempo deixou de contratar directamente para os seus quadros engenheiros trabalhadores, passando a fazê-lo ou através de empresas de trabalho temporário como a Upgradem, do grupo Multipessoal que por sua vez está integrada no universo de empresas do Banco Espírito Santo, ou da Reditus tão nossa conhecida pela forma precária de contratação, e que coloca trabalhadores sem quaisquer direitos nos mais diversos ramos e sectores da actividade económica (o seu maior accionista é Pais do Amaral). A outra modalidade de ‘contratação’ é através do programa de Estágios Profissionais, que têm a duração de 18 meses, sendo que o estagiário/trabalhador não tem direito a gozar férias durante esse tempo e no fim se a empresa não decidir pela sua contratação efectiva é colocado no desemprego sem qualquer protecção social ou subsídio de desemprego.

Que razões ocultas haverá para que a política de contratações tenha mudado num ano? Se antes optava pela integração de trabalhadores de forma directa porque deixou de o fazer no espaço de um ano? Todas estas situações deviam ser esclarecidas quando uma empresa multinacional geradora de lucros colossais tem na sua força de trabalho uma massa considerável de trabalhadores em situação precária.

Depois da visita recente de Pires de Lima à empresa e das afirmações do seu amigo e Vice-Primeiro Ministro Paulo Portas, quando diz ser contra a política de baixos salários, é altura de perguntar com que coerência se governa este país e se defende os direitos dos trabalhadores?!

Com esta visita o Presidente da República carimba a excelência da precariedade com que o Governo e a Troika nos têm vindo a premiar com o seu ‘ajustamento’ e perda de direitos. Andará o Presidente da República tão distraído que não ouse perguntar sobre o que afinal se passa? Se assim for será um sério candidato a um Prémio Precariedade, como entregámos há alguns anos.

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