O presidente do CES – Conselho Económico e Social (que junta governo, patrões e sindicatos), Silva Peneda, afirmou que o aumento da meia diária de trabalho, além de não ter impacto na produtividade, “terá outros efeitos como o aumento do desemprego. É este o nosso entendimento”. As afirmações foram produzidas na AR, na Comissão de Orçamento e Finanças. Ficam mais evidentes, todos os dias, os verdadeiros motivos da transformação de regime social que estamos a viver. Montados de forma selvagem numa legitimidade que há muito ultrapassaram, Passos Coelho e Paulo Portas implementam rapidamente todos os sonhos de quem dirige o desastre social a que estamos a assistir. Aliás, eles são os responsáveis por esse desastre e são o capital que o organiza (basta observar a simbiose de ex-ministros do PSD no congresso da CIP que juntava homens da banca, grupos económicos, grandes empresas).
Ao mesmo tempo, António Saraiva, o chefe da CIP – Confederação da Indústria Portuguesa – sabendo que as diferenças na proposta política entre as organizações patronais e o próprio governo são hoje quase nulas, defendeu novamente a diminuição da Taxa Social Única para as empresas. Ou seja, a diminuição da responsabilidade social das empresas na sociedade, nomeadamente na construção de instrumentos fundamentais em democracia como a Segurança Social. No entanto, hoje, são precisamente muitos dos gestores ou administradores do sector privado, os responsáveis pela quase totalidade de um buraco gigantesco de 5.000 Milhões de Euros na Segurança Social. Agora, certos de que o ministro Pedro Mota Soares tudo fará para não recuperar esse dinheiro, propõem a legalização da irresponsabilidade das empresas, exigindo novamente a baixa da Taxa Social Única.
A proposta que a Greve Geral defende é de um modelo económico e social com direitos no trabalho e na vida, com regras na economia, com reinvestimento no sector produtivo e no desenvolvimento tecnológico no suporte ao emprego, na partilha de responsabilidade social, na defesa de direitos sociais, na luta pela gestão digna daquilo que é público, de alguma forma, a defesa do respeito pelas relações sociais e até pela legalidade. É a proposta que pretende fazer justiça poupando quem tem menos salário, menos condições de vida, e forçando quem tem riqueza acumulada a contribuir para o país e para os direitos dos outros cidadãos e cidadãs.
A proposta do governo e dos patrões é a liberalização total do dinheiro e da riqueza, da sua circulação, da sua captura e acumulação, da privatização dos lucros e benefícios e da socialização das dificuldades. Eles fecham os olhos e aceleram em direcção ao buraco económico… e pedem para isso um cheque em branco.
É um reset civilizacional que estamos a sofrer… a proposta alternativa está na rua. Greve Geral.