Corte na taxa social única apenas reduz 0,8% dos custos de produção

A notícia é da edição da passada 3ª feira do jornal Público. O corte previsto de 4% na Taxa Social Única, ou na contribuição dos patrões para a Segurança Social (ver explicação aqui), apenas reduz 0,8% nos custos de produção das empresas, mas pode significar um aumento de mais 3% do IVA.

E os reflexos maiores desta descida são verificados nas grandes empresas não exportadoras e não nas pequenas e médias empresas e nos sectores de bens transaccionáveis (ver aqui).

De acordo com o Jornal i, a descida da contribuição dos patrões para a Segurança Social terá sido uma imposição do FMI e o BCE e a Comissão Europeia ter-se-iam manifestado contra. Mesmo Vítor Bento, o senhor que poderá vir a ser o próximo Ministro das Finanças, contra a opinião de Passos Coelho, já afirmou que a descida da TSU pode ser “ineficaz” “contraproducente”.

Mas se não baixa os custos de produção e apenas favorece empresas que não são competitivas, de que serve então baixar a contribuição dos patrões para a Segurança Social? Serve para  reduzir por duas vias o dinheiro das pessoas:
1) a taxa social única chama-se comummente contribuição dos patrões à Segurança Social mas isso é falso. Esse dinheiro foi criado pelo trabalho do trabalhador e ele não o recebe no seu ordenado, fincando retido na Segurança Social para pagar mais tarde reformas, pensões e outras prestações sociais. Assim, isto é uma descida de 4% do salário do trabalhador.
2) a descida da TSU vai por em risco a sustentabilidade da Segurança Social, por isso é necessário ir buscar esse dinheiro a outro local. O sítio mais rápido é através do IVA, por isso vamos todos pagar, mais uma vez, esta subida dos lucros dos patrões dos sectores que têm menos concorrência e menos capacidade de levar o país a sair da crise.

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