O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou hoje que a taxa de desemprego atingida no segundo trimestre do ano é de 12,1%, valor que indica que mais de 675 mil pessoas estão desempregadas. Um aumento de 1,3 pontos percentuais face ao último trimestre de 2010, quando o desemprego se situava em 11,1%. Mas ao contrário do que alguns poderão tentar passar, o desemprego em Portugal não aumentou apenas como resultado da crise económica internacional. Como podemos observar no gráfico retirado do site do INE, o fenómeno é estrutural e deve-se a políticas de 20 anos de desestruturação do trabalho e dos direitos sociais.
Sistematicamente, a opção política continuada pelos privilégios dos grupos económicos ligados à banca e ao comércio e retalho vêm destruindo o sistema produtivo e os direitos no trabalho e na vida da maioria das pessoas para beneficiar alguns poucos. Exemplos? Família Espirito Santo, Alexandre Soares dos Santos, Américo Amorim ou Belmiro de Azevedo. Estes são alguns dos que definem de facto a política do país em conjunto com Cavaco Silva, José Sócrates, Paulo Portas ou Passos Coelho.
Cerca de 28% dos jovens em Portugal não têm emprego, o que significa 115 mil jovens até aos 25 anos. As regiões em que os jovens são mais afectados pelo drama social de não ter meio próprio de subsistência são: o Algarve (17%), a Madeira (13,9%) e a região de Lisboa (13,6%). Afinal, os empregos na hotelaria e comércio, base económica de regiões que vivem do turismo, não servem senão para enriquecer os donos das unidades hoteleiras e comerciais, ao mesmo tempo que desestruturam os direitos no emprego, moldando o tecido económico e social nas baixas qualificações e baixos salários. Assim, entre a população desempregada, há 80,6 mil portugueses que frequentaram o ensino universitário e não têm local onde trabalhar e aplicar os conhecimentos adquiridos. Cerca de 131 mil pessoas com o ensino secundário e 462 mil com o ensino básico também estão desempregadas.
Os dirigentes das elites económicas e patronais do país sempre tiveram ao seu dispôr a ferramenta da diminuição dos direitos no trabalho e na vida, assim, criaram negócios de lucro fácil alicerçados em fortes relacções com o poder político.
Os traços de uma sociedade cada vez mais desigual, evidenciam-se também através da desigualdade entre homens e mulheres. Elas são mais atingidas pelo desemprego, que se situa nos 12,4%, enquanto nos homens atinge pelos 11,9%. Também os homens com mais de 45 anos, enfrentam maiores dificuldades e exclusão no acesso ao emprego, atingindo mais de 217 mil desempregados em Portugal com estas características.