Desemprego: precários e desempregados sobem para 55,5% da população activa
Há mudanças significativas nos dados estatísticos divulgados pelo INE. Deixando de lado a ficção da taxa de desemprego “oficial”, de 16,4%, houve de facto um decréscimo no desemprego real: de 23,1% no primeiro trimestre para 22,1%. São 1 milhão e 191 mil as pessoas neste momento sem emprego. O somatório de precários e desempregados, que já contabiliza 55,5% da população activa em Portugal, é de 2 milhões e 991 mil.
Desde a chegada da troika há mais 315 mil desempregados, mas a mudança do regime do trabalho é mais evidente pela subida da precariedade: há mais 280,5 mil precários. Para explicar esta repentina descida do desemprego contam as variações sazonais, frequentes para o 2º e 3º trimestres todos os anos, mas também a subida do número de pessoas a recibos verdes e a contratos a prazo.
Da suposta criação de 66 mil empregos do trimestre anterior para este (havia oficialmente 952,2 mil desempregados, agora há oficialmente 886 mil) podemos observar a subida de trabalhadores a recibos verdes (mais 37,6 mil em relação ao trimestre anterior) e de contratados a prazo (mais 37,1 mil em relação ao trimestre anterior). Considerando ainda a descida do desemprego jovem, o factor sazonal parece somar-se à precarização da força de trabalho para a construção deste novo quadro. Até Mota Soares sabe que assim é e por isso recomenda prudência na análise destes dados.
A espiral descontrolada de perda de emprego parece abrandar para continuar a marcha da precarização, constituindo os precários e desempregados uma maioria cada vez mais sólida entre quem trabalha.
by
Não consigo perceber onde é que vão buscar esses números. A população activa são 5515.2 mil, estando empregados 4688.2 mil, o que dá 827 mil desempregados ou os 16.4% oficiais. Presumo que os 364 mil que faltam sejam aquilo a que chamam precários, perfazendo assim o total de 1191 mil desempregados e precários, mencionados no artigo. De onde é que saiu esse número? É lançada a dúvida sobre a forma como o INE contabiliza os números do emprego, chamando “oficiais” aos valores publicados, conseguindo na mesma frase deixar por explicar onde desencantaram 364 mil pessoas, que classificam como precários, uma condição sujeita, só por si, a interpretações. Não se referem certamente à totalidade dos 729.7 mil trabalhadores por conta própria como isolados, aos 221.7 mil trabalhadores por conta própria como (empregadores, aos 651.8 mil trabalhadores a tempo parcial, aos 270.4 mil em situação de subemprego a tempo parcial, aos 33.4 mil inactivos à procura de emprego ou aos 271.7 mil que não procuram emprego. Posto isto, porque não dizer que a taxa de desemprego é 62.7% ((827+729.7+651.8+33.4+271.7)/5515.2)? Gostava de saber onde foram buscar aqueles 364 mil precários, para saber se os posso somar também. Não estou a dizer que os valores apresentados no artigo sejam ficção, mas se querem ser levados a sério justifiquem o que escrevem indicando as fonte de informação. Como está, parece que estão apenas a mandar números para o ar.
(1) http://www.ine.pt/ngt_server/attachfileu.jsp?look_parentBoui=163393901&att_display=n&att_download=y
(2) http://www.ine.pt/ngt_server/attachfileu.jsp?look_parentBoui=163393950&att_display=n&att_download=y
Olá Ricardo. A população activa são neste momento 5391,6 mil. O INE diz que a população empregada é neste momento de 4505,6 mil, o que daria os 886 mil desempregados. Vamos agora a contas um pouco mais sérias, mas utilizando só os dados do INE:
– Os desempregados não podem deixar de ser, no mínimo, o nº oficial de desempregados (886 mil) juntando-lhes os inactivos (305 mil), quer procurem ou não trabalho. Aí estão os 1191 mil.
– Os precários são o somatório de uma série de condições de trabalho, a considerar: recibos verdes (729 mil), familiares não remunerados (31 mil ), contratados a prazo (636 mil), subempregados (270 mil) e outros contratos (131 mil), que perfazem um total de 1799 mil.
– Somando estas duas condições, os desemprecários, somam 2990.7 mil, 55,5% de toda a população activa no país. A fonte da informação é o relatório do INE para o 2º trimestre de 2013 (http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes&PUBLICACOESpub_boui=153369091&PUBLICACOESmodo=2). Mas estamos a trabalhar com os dados desde 2006 para avaliar a evolução da precariedade.