Empresas criam fundos de emergência social: grandes patrões benfeitores?

As grandes empresas estão a criar “Fundos de Emergência Social” para “ajudar” os funcionários que estão em dificuldades económicas, como o sobre endividamento. O fundo da Jerónimo Martins (Pingo Doce) vale 2 milhões e apoia mil trabalhadores, o da EDP vale um milhão, o do BES dá melhores condições nos prazos dos créditos aos empregados, o da Auchan (Jumbo) encaminha os familiares dos trabalhadores que estejam desempregados para empresas parceiras e dá “apoio financeiro” e no Santader Totta os salários inferiores a €1350 brutos foram “aumentados”.
Estes são apenas alguns exemplos de grandes empresas que estão a ser “solidárias” para com os seus trabalhadores afetados pela crise.
Mas o problema central destas pessoas mantém-se: os salários baixos que auferem não lhes permitem aceder a padrões de vida digna e, por isso, foram obrigadas a aceder ao crédito bancário como forma de contra-balançar os seus rendimentos baixos. Repare-se que em Portugal ter trabalho não protege automaticamente as pessoas de caírem na pobreza e que 12% das pessoas que trabalhavam em 2010 estavam abaixo do limiar da pobreza.
Aliás a pobreza atinge 18% da população (1,8 milhões de pessoas) e atingiria muito mais, 4,4 milhões, se não existissem políticas sociais como o rendimento social de inserção, o complemento solidário para idosos ou o subsídio de desemprego.
A contrastar com a pobreza e com os baixos salários de quem trabalha temos os rendimentos dos gestores destas empresas que nos anos da crise tiveram aumentos significativos nos seus ordenados milionários.
Assim, não há nenhuma solidariedade nestes fundos e são apenas medidas de marketing que as empresas tentam vender como filantropia. Uma empresa decente pagaria salários decentes e não apostaria na propaganda à caridade.






