Encruzilhada da História – Aí Está o FMI!
O Governo português, pela voz do Ministro das Finanças Fernando Teixeira dos Santos, assumiu hoje que “é necessário recorrer aos mecanismos de financiamento disponíveis no quadro europeu”. Portanto, o que tal significa é que vem aí o FMI. Mudaram-lhe o nome devido ao medo que o FMI inspira na percepção colectiva das pessoas. Mas estas novas entidades designadas “mecanismos de financiamento no quadro europeu” (EFSM e EFSF) são bastante piores que o próprio FMI.
Muitos agora congratular-se-ão pela vinda deste professor austero, que “endireitará” a economia portuguesa, meterá os políticos na ordem e reduzirá a nossa dívida. Já ontem Ricardo Salgado dera o toque na TVI dizendo que Portugal precisava imediatamente de financiamento externo (após meses a recusá-lo). Saíra também recentemente a notícia que os bancos não financiariam mais a dívida pública portuguesa (quando foram salvos pelo dinheiro público, no entanto, nada tinham a dizer), o que era uma concretização da ameaça de Ricardo Salgado. Sim, da ameaça, que agora se concretizou.
O que esperar? PECs infinitos. Com a entrada deste professor, deixarão de existir governo nacional, independência, democracia ou qualquer outra noção minimamente digna do que é uma nação ou povo. Fomos vendidos. Se até há pouco a maioria PS/PSD intercalava-se – um dizendo mata, o outro esfola – agora tem um pai acima dela que já só pensa no que vai fazer com os despojos do país. Porque muita da intervenção do FMI destina-se e tem o efeito desejado de fazer com que haja uma fuga de capitais dos países, seguida da privatização universal de bens e serviços (e pessoas). Ficarão os patrões no entanto a comprazer-se com o facto de serem agora os capatazes de todos nós que trabalhamos (ou desempregamos), com poderes acrescidos, pois agora haverá um ataque generalizado a todos os direitos laborais e humanos. É um ponto de largada para a concretização de uma utopia neoliberal – cada um por si, competição perfeita, a lei do mais forte e a eliminação/subjugação dos mais fracos.
Encontramo-nos numa época historicamente crucial. Nós decidiremos o que será o nosso futuro, quer queiramos quer não.
Da nossa inacção resultará a destruição de todos os direitos conquistados através do sangue, suor, lágrimas e vidas de milhares de trabalhadores e trabalhadoras. Resultará o fim do Trabalho com direitos e a instituição inapelável da precariedade como única forma de sobreviver. Resultará o desemprego em massa que nos jogará uns contra os outros, numa desprezível corrida para o abismo. Resultará a corrosão da sociedade e dos elos de solidariedade que nos unem uns aos outros. Resultará a destruição dos direitos humanos e da dignidade individual e colectiva a que todos com justiça aspiramos. Resultará o fim da presunção que todos os seres humanos são iguais. Esta é a utopia neoliberal, em que nós nos degladiaremos para termos o privilégio de os servirmos pelo menor preço possível que garanta a nossa mera sobrevivência.
Na nossa acção encontramos a luta das nossas vidas. É a luta pelas nossas vidas. É a luta pela nossa Humanidade. É a luta pela Humanidade do nosso povo, e dos outros povos. É a luta pelo futuro, que não aceita um regresso ao passado. É uma luta que já entendeu quem está de que lado. Que já entendeu que as mentiras repetidas inúmeras vezes não se tornam nem se tornarão jamais verdades. Nada temos a perder. A Rua É Nossa. A História Somos Nós!
João Camargo
http://www.precariosinflexiveis.org/2011/01/que-surpresas-trara-o-fmi-nas-suas.html
http://www.precariosinflexiveis.org/2011/01/que-surpresas-trara-o-fmi-nas-suas_18.html







A luta é dura mas nós não podemos vergar!
Os percários inflexiveis vencerão porque o Povo vencerá!
Uma conclusão se retira destes nove anos de adesão à União Económica Europeia: tanto Portugal como os outros países economicamente mais débeis, empobreceram, miserabilizaram as suas economias e reduziram drasticamente o seu crescimento económico. A taxa média do crescimento nesta dezena de anos em Portugal foi a mais pequena de sempre, não chegando aos o,5% anuais.
Os milhões que entraram da UE, apregoados a toda a hora aos quatro ventos, foi o preço que pagou a UE pela destruição da nossa indústria, das nossas pescas e da nossa agricultura. Um preço demasiado pequeno para tão grande desastre. Líderes políticos incompetentes e venais ajudaram à festa e arrastaram o país para o desastre de há muito anunciado.
E agora, nesta situação de sufoco em que o país se encontra, a UE atira-nos para as mãos do FMI, porque ela própria funciona como uma grande sucursal do FMI. Tendo como único objectivo a satisfação plena dos interesses do capital financeiro e dos grandes consórcios. O cidadão europeu, com as suas necessidades de bem-estar na saúde, no orçamento familiar, no trabalho, na educação, na cultura, na segurança, no lazer, não existe como preocupação desta UE belicista e neoliberal.