Espanha: 20 anos para recuperar os empregos perdidos

Um estudo publicado pela consultora internacional Price Waterhouse Coopers revela que apenas em 2033 Espanha voltará a ter um desemprego semelhante ao anterior à crise. 20 anos para recuperar a destruição de milhões de empregos criada pela crise da banca. O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, faz como o governo português, enfiando a cabeça na areia. Em entrevista ao Guardian diz que a crise está a acabar porque em Outubro deste ano houve menos desemprego do que há um ano, com menos 2500 mil pessoas registadas com desempregadas. Em Espanha são mais de 6 milhões e 500 mil pessoas no desemprego.

O que é que diz que temos que dizer todos juntos?
O que é que diz que temos que dizer todos juntos?

A receita, os argumentos e as justificações são sempre os mesmos. Ouvir Mariano Rajoy ou Passos Coelho é o mesmo. Há uma cassete na boca dos profetas da austeridade, destinada a fabricar consensos, mesmo quando estes são o contrário da realidade. Na entrevista de Rajoy ao Guardian, ouvimos sair da boca deste o mesmo que saía da boca de Vítor Gaspar, de Samaras ou de Enrico Letta: o número de desempregados caiu este inverno pela primeira vez desde há muitos anos (2007), é preciso fazer sacrifícios nas pensões e nos salários, cortando-os para equilibrar as contas públicas, os jovens desempregados têm de ser empreendedores, a quem emigra desejamos boa sorte e que seja uma boa experiência pessoal e profissional, as exportações estão a aumentar, estamos a atrair investimento, estamos a proteger os mais fracos apesar dos cortes, é preciso flexibilizar o mercado laboral para ser competitivo e criar mais emprego “Em tempos difíceis, é melhor ter salários baixos para manter o máximo de pessoas a trabalhar”.

O grave problema com esta cassete, além de tudo o resto, é que o resultado prático da mesma são as maiores taxas de desemprego em décadas, um exílio histórico dos melhores quadros dos países atacados pela troika e nenhuma possibilidade de recuperação à vista. E a substituição absoluta de empregos com direitos por trabalho precário, mal-pago e sem direitos. Se a saída da crise é a manutenção de níveis de desemprego selvagem durante mais 20 anos isso significa apenas uma coisa: que a crise durará mais 20 anos.

 

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