Faculdade de Arquitetura: andam a estudar acima das suas possibilidades?

O Presidente da Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa, José Duarte endereçou uma carta a todos os alunos sugerindo que quem não conseguisse pagar as propinas deveria pedir um empréstimo como forma de financiamento através de uma linha de crédito da Caixa Geral de Depósitos existente para o efeito.
Os alunos em situação de incumprimento poderão vir a estar sujeitos a um impedimento sobre as suas avaliações devido a essa situação.
O dirigente da instituição afirma ainda que essa é a solução encontrada para os alunos com maiores carências. A situação tem gerado enorme contestação no meio académico   com o apelo ao sobre endividamento. Ainda os alunos não ingressaram no mercado de trabalho e já contraíram uma dívida no início da sua vida pós-académica, qual mercantilismo da educação e do ensino superior.

Algumas vozes sonantes e fazedores de opinião têm vindo a afirmar em surdina que o ensino superior deve passar a ser totalmente pago pelos orçamentos familiares. Depois do laboratório neoliberal ‘austeritário’ a que temos vindo a ser sujeitos eis o ataque a um dos últimos redutos de maior progresso social construído pós 25 de Abril. A privatização total do ensino superior e a degradação do tecido social com a diferença crescente entre os que podem pagar e os que são reduzidos à sua condição de berço provavelmente afastados para sempre da possibilidade de superarem as condições de vida as gerações precedentes.
A redução orçamental, vinculada através do Orçamento de Estado, e os cortes cegos nos sectores fundamentais do Estado, a médio prazo forçará o abandono precoce de centenas ou milhares de estudantes, colocando em causa o futuro, o progresso do país e da sociedade e em última instância as gerações vindouras sujeitas cada vez mais à precariedade laboral e social. A relação entre níveis de formação baixos e o aumento da precariedade tem uma ligação deveras estreita. Não poderemos aceitar a existência de uma escola para ricos e outra para pobres, tal como não aceitamos a existência de cidadãos de primeira e de segunda categoria.
O movimento de trabalhadores precários repudia qualquer forma de ataque às instituições públicas de educação na tentativa de salvaguardar um espaço que se quer livre de ideias e sobretudo de pressões económico- mercantilistas!
Facebooktwitterredditlinkedintumblrmailby feather