Governo subsidia empresários para manter salários baixos

Há poucos dias vêm sendo divulgadas várias notícias sobre as novas possibilidades que se abrem aos trabalhadores, precários ou não, a recibos verdes ou não, para acumular um subsídio de desemprego com um salário. O governo reconhece assim que os salários são demasiado baixos em Portugal, aliás, o governo só permite a acumulação quando o salário for mais baixo do que o já baixo subsídio de desemprego. É um convite ao salário baixo, e certamente os empresários aproveitarão.

De facto, quando se soma valores monetários, o resultado imediato é sempre maior. Mas o que o governo faz agora é, como sempre, usar do maior cinismo político como arma contra quem trabalha. Porque sabemos que hoje Passos Coelho usa o dinheiro dos impostos para manter os salários artificialmente majorados. Sabemos que o problema é que serão os impostos que pagam parte do salário recebido pelo trabalhador que devia ser pago pelo patrão, devia ser a parte da devolução, retribuição pelo trabalho, e não uma devolução de impostos. Agora, as empresas e empresários vão ficar ainda com parte maior do resultado do trabalho, vão ainda mais estruturar as suas empresas para a menor responsabilidade salarial, e quanto mais o fizerem, menos disponíveis estarão para considerar esse um investimento necessário. O problema é que hoje cada um de nós pode pagar os impostos que amanhã nos pagam o salário deixando para o empresário todo o lucro. 
Os empresários, que agora o governo pretende fazer passar por trabalhadores dependentes também poderão ir buscar, de mão estendida, mais um apoio, seja porque ficaram sem o “seu posto de trabalho” (como se confirma?) por gestão danosa, incompetência, ou por outro qualquer motivo. A arrogância e agressividade com que nos dizem que vivemos acima das nossas possibilidades e que os serviços públicos essenciais estão a mais e têm de ser cortados, é a mesma, com que estendem a mesma mão para pedir a esmola para o seu dia a dia, para a sua economia, para a sua empresa, pequena ou grande, para salvar o seu lucro, pequeno ou grande. Valha-lhes o Estado.
Este é o governo da austeridade de Passos Coelho e de Paulo Portas. É a política rasteira que não respeita senão o poder político e económico. Não acreditamos em truques mas sabemos que cada € no salário de quem já vive com tão pouco, conta. Sabemos também que é esse truque que amanhã nos rouba salários e direito. Sempre nos disseram que tínhamos direitos a mais e flexibilidade a menos. Pois hoje, na Europa, quase ninguém nos bate na flexibilidade, nem nos salários baixos, nem no desemprego… provavelmente, nem na emigração. Perdemos todos os dias, todos os anos. Perde também o país. 
A chantagem é a forma com que os partidos da troika gerem as nossas dificuldades, mas procuramos e temos alternativas. Ganhamo-las na união, na solidariedade e na política que fazemos para a maioria. É por isso que o governo de Passos e Portas, PSD e CDS, terá de responder às questões que trazem a dignidade ao debate político. É por isso que queremos saber quem está de acordo com a Lei Contra a Precariedade, que apresenta soluções concretas para os falsos recibos verdes, contratos a prezo abusivos ou contra a extorsão das Empresas de Trabalho Temporário. 
Passos Coelho e Paulo Portas terão de responder a mais de 38.000 pessoas que assinaram e propuseram a lei. Vão ter de assumir as responsabilidades políticas frente ao país, hoje ou amanhã, sem truques nem esmolas.
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