Greve Geral: ainda vale a pena?

Cartaz de apelo à última greve geral da autoria da Gui Castro Felga
A CGTP anunciou que irá agendar uma greve geral para o dia 14 de novembro para combater o regime de austeridade. Será a quarta nos últimos dois anos de aplicação do regime de austeridade. Em Espanha já se fizeram enormes greves gerais contra a austeridade e na Grécia já se contam dezasseis paralisações totais desde o início da crise.
A pergunta então impõe-se: ainda vale a pena fazer greve e, mais especialmente, vale a pena fazer uma greve geral? 
Uma greve geral é um momento bem diverso de uma greve de um setor ou de um conjunto de trabalhadores; é um momento especial onde se juntam as forças todas das pessoas que trabalham para recentrar as escolhas democráticas de um país ou região e em que, juntos, os trabalhadores afirmam que são a maioria da população e que são eles que criam a riqueza.

Há outros momentos em ocorre este resgate da atenção do momento para poder abordar o que interessa e preocupa à maioria da sociedade, como manifestações ou mobilizações de massas, mas na greve geral as pessoas param de trabalhar para demonstrar que é o trabalho o fator mais importante para que uma sociedade possa enfrentar os seus problemas e que, logo, devem ser as pessoas que o realizam que devem decidir o rumo das políticas.
As primeiras greves não foram pacificas e foram reprimidas com enorme brutalidade pelos caciques dos patrões fabris ou pela polícia que era controlada por esses patrões (ver aqui porque celebramos o 1º de Maio como dia do Trabalhador(a)). Felizmente a persistência da luta desses trabalhadores e trabalhadoras permitiu grandes avanços civilizacionais como as 8 horas de trabalho diário, o descanso semanal, a segurança social, etc.
As greves gerais ampliaram essa capacidade de intervenção e durante os séculos XIX e XX centraram-se na exigência de mais democracia, de direitos laborais, de serviços públicos como escola pública ou serviço nacional de saúde.
Hoje confrontamo-nos com um tempo diferente: consideramos a greve geral como uma ferramenta para estancarmos a perda de salários e de direitos da maioria da população e não para exigirmos mais direitos ou salário para a maioria da população.
Como sempre – já no século XIX e antes o diziam – as greves e especialmente a greve geral são atacadas pelos patrões dizendo que não servem para nada e que, aliás, prejudicam a economia e o país.
Mas, na verdade, parar o país, recentrar o debate público nas escolhas democráticas, no defender dos direitos, nos salários e nas pensões, são defender o país que, através do regime de austeridade, está hoje a ser destruído, como é comprovado pelas mais de 50 insolvências diárias de empresas e pelas mais de 485 pessoas que perdem o emprego todos os dias, só encontrando – se encontrarem – empregos precários no horizonte.
Assim, este é o mais ambicioso e feroz combate que temos juntos que fazer e, por isso, os Precários têm defendido a necessidade de desempregados e precários se juntarem ao conjunto dos trabalhadores e trabalhadoras e defenderem a democracia e as alternativas.
Hoje, mais do que nunca, fazer uma grande greve geral não só vale a pena, mas é essencial.

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