Investigação científica: mais candidatos, menos bolsas
Até Março deste ano, a FCT já foram atribuiu 1854 bolsas, num total de 6490 candidatos tendo excluindo assim 71% das pessoas que se candidataram (notícia do Público aqui).
Este ano, os concursos contaram com um aumento de 1205 candidatos a bolsas de doutoramento e pós-doutoramento, relativamente ao ano passado, embora o número disponível de bolsas tenha diminuído.
Em 2011 foram atribuidas um total de 2157 bolsas de doutoramento e pós-doc (mais 14% que este ano), tendo ficado de fora dos apoios 3128 candidatos (59%).
Estes números demonstram várias facetas do estado da ciência e investigação em Portugal:
Se por um lado, a ameaça do desemprego e a falta de capacidade do mercado de trabalho em receber muitos licenciados e mestres leva a que após terminarem a sua formação académica decidam continuar a investigação como forma de ao mesmo tempo que aprofundam conhecimentos, esperam por melhores condições do mercado de trabalho para os receber, por outro demonstra a falta de alternativas de condições contratuais existentes na investigação – não há alternativas às bolsas. E é contra essa “inevitável” realidade que nos batemos
Com o estrangulamento do financiamento às instituições públicas e os cortes na ciência e inovação, a falta de verbas para projectos leva a que se colmatem falhas dos centros com bolseiros de investigação científica ou até alunos de doutoramento. A falta de uma carreira de investigação científica (e até uma estratégia para a mesma) leva à ausência de soluções para pós –docs que se repetem bolsa após bolsa – neste caso tem também de se reconhecer o fracasso do que foram os programas Ciência que após o seu termino a única solução é voltar-se a concorrer a pós docs, uma vez que a contratação pública é quase impossível neste momento.
As condições (ou a falta delas) que são dadas a bolseiros (que é um trabalhador e por isso devia ter a sua relação laboral reconhecida) são continuamente desprezadas por sucessivos estatutos do bolseiro. Os bolseiros não são só jovens. São pessoas de todas as idades, e formações, em fases diferentes da vida e que precisam como qualquer outro trabalhador de estabilidade, para poderem estar à altura do desafio que a ciência lhe propõe todos os dias.
É preciso inverter esta realidade e a sua tendência. O problema está identificado, precisamos agora de juntar vozes e força em torno do que pode ser a solução.
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