Mães trabalhadoras e direitos fundamentais na mira do ataque do FMI
Tradução: FMI intensifica o saque ao Estado Social, propondo uma diminuição considerável da licença de parentalidade que abrange mães e pais; isto a par de um ataque concreto às mulheres que vivem e trabalham em Portugal, que parece que têm filhos para poder faltar ao trabalho.
Não satisfeitos com os cortes ao valor da licença de maternidade e abono de família, indiferentes ao fecho de creches da Segurança Social e cortes nos passes sociais, o FMI vai mais longe no fanatismo ideológico e incentiva o Governo a reduzir o direito fundamental à licença de parentalidade, acenando com mais apoios às crianças.
A hipocrisia é óbvia mas o fanatismo é ainda mais inconsequente porque esbarra na realidade:
como afirmou ao DN a socióloga da família Maria das Dores Guerreiro, “à partida, o que essa recomendação mostra é o desconhecimento dos dados nacionais, porque se conhecessem saberiam com certeza que Portugal é o país com mais mães a trabalharem a tempo inteiro. E tem a maior proporção de casais com filhos até aos seis anos a trabalhar em full-time, o que é uma situação bem diferente do que acontece na Itália, na Grécia ou em Espanha”.
Além disto, indica o DN, “segundo dados da OCDE, Portugal é o país onde o efeito de ter filhos aumenta a participação das mulheres no mercado de trabalho, ao contrário de todos os outros. É que as necessidades monetárias aumentam”.
Esta proposta faz parte de um plano de organização social, no qual as mulheres são cada vez mais empurradas para ficar em casa para cuidar dos filhos, em famílias mais pobres, ou vêm as suas conquistas sociais roubadas (apoio na maternidade, planeamento familiar, creches públicas, etc.), abalando-se a possibilidade da sua emancipação. Trata-se de um plano que usa a austeridade para impôr um novo regime social que caminha no sentido contrário do desenvolvimento e da transformação social.
Estamos cá para combatê-lo.