Mais uma ameaça de mais pobreza – Comissão Europeia pede mais cortes nos salários e no subsídio de desemprego

Ignorando flagrantemente a rápida deterioração das condições de vida no nosso país, o aumento drástico da pobreza, incluindo nas crianças, a redução do poder de compra, enfim, toda a crise social que a prevalência dos interesses económicos sobre os humanos tem causado, a Comissão Europeia clama por ainda mais miséria.
De acordo com as recomendações de política económica feitas por Bruxelas, noticiadas hoje em vários meios de comunicação social, é preciso continuar a empobrecer. Pelo menos desde 2009 que se alertapara o facto de se estarem a agravar as diferenças salariais entre classes, com os salários mais baixos a ficarem cada vez mais baixos. Os subsídios de férias e de Natal, que davam alguma folga orçamental a milhares de famílias portuguesas já fatigadas dos seus esforços de luta contra a crise, foram cortados. As pensões e os salários da função pública foram reduzidos. Diminuíram-se as indemnizações por despedimentos.
E agora Bruxelas vem dizer que ainda não é suficiente. Os salários devem baixar e Portugal deve ser “menos generoso com os subsídios de desemprego” (aqui). Isto apesar de já se ter reduzido a duração do período a que a ele se pode recorrer e de se terem dificultado as condições para o seu acesso. A maioria dos desempregados não tem sequer acesso a esse apoio, mesmo contando apenas aqueles que fizeram descontos para a Segurança Social a contar que um dia o Estado os apoiaria caso dele necessitassem.
A estigmatização dos recipientes de subsídios é naturalizada quotidianamente, atacando a saúde mental e física daqueles que já são os mais fragilizados da nossa sociedade. E o factode Portugal ter um número assombroso de pobres que trabalham também parece passar ao lado dos dirigentes europeus. Em 2007 já chegava a 40% o número de pessoas que, apesar de estarem empregadas, se contavam entre os “pobres” deste país.
Continua a ser incompreensível para muitos de nós como é que impedir as pessoas de consumir tirando-lhes o seu sustento possa ajudar a economia. O que é certo é que a Comissão Europeia não vai parar em breve de exigir sacrifícios, que de uma forma ou de outra acabam sempre por recair sobre os mesmos.
Até onde estaremos dispostos a chegar? É que depois de mais um Verão de Troika, com preços e impostos a subir e salários e pensões a descer, poderemos dar por nós no Inverno verdadeiramente a “trabalhar para aquecer”.
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