Mota Soares – o Franciscano em modo eleições | Opinião

423925_10150589630779926_669026855_nDepois de uma longa ausência pública, num silêncio continuado do seu ministério, enquanto o país se desmorona amordaçado pela troika e pela austeridade, o Ministro da Solidariedade e Segurança Social – Pedro Mota Soares (re)aparece nos media (antes já tinha sido esperado por alguns manifestantes onde fugiu como pôde...).

Mais frequentemente conhecido como Carrasco dos Precários, pela perseguição e criminalização aos falsos recibos verdes com dívidas indevidas e injustas das contribuições sociais, e na condescendência aos patrões na cobrança das mesmas, Pedro Mota Soares face à crescente desagregação do governo do qual faz parte, começou a preparar o seu futuro. Ao contrário da emigração que, os seus conterrâneos de governo, aconselham os trabalhadores e jovens, a Mota Soares cheira-lhe a eleições e parece estar convertido num modesto Padre Franciscano. De braços abertos e humildemente (não fosse o mote populista das suas campanhas eleitorais) parece outro.

Não sei se Pedro, o Franciscano, na sua ausência pública esteve num retiro espiritual no Chipre ou se é só fulgor pré-eleitoral. A verdade é que hoje veio dizer que “É tempo de a União Europeia perceber que não pode ser rápida a salvar bancos e lenta a salvar as pessoas” (notícia do Público aqui) , com o mote de que se deve investir na economia social – O Ministro que mais perseguiu directamente a classe trabalhadora, quer agora limpar a devastação social que criou com as suas políticas dizendo que a UE deve premiar o esforço dos Portugueses (não esqueçamos que o seu governo defende uma meritocracia medíocre  e vamos lá lutar contra esses brutos que são os Bancos (que já agora ajudam-no na penhora que fez às contas e às vidas de milhares de precários).

Mais, parece que o Professor Karamba que Mota Soares consultou, lhe deu uma ideia genial – que para as pessoas viverem e terem filhos precisavam de tempo (trabalhar para viver, não viver para trabalhar…) então tentou um soundbyte que mais parece Dinamarquês “Governo quer criar part-times para que haja tempo de ‘fazer filhos’” (noticia aqui). Sinceramente não sei qual é a parte da exploração, da precariedade extrema e do desemprego, a que este governo sujeita 54% da população activa, é que Pedro Mota Soares não percebeu.
Não reconhecer o direito a contratos de trabalho justos a falsos recibos verdes, a contratos a prazo sucessivos, a trabalhadores via ETTs, a bolsas de investigação, e a outros tipos de relações laborais, que vedam o acesso a direitos fundamentais como a protecção na doença, na parentalidade, etc, não se tratam com pequenos rebuçados encapotados de boas intenções e modelos nórdicos de flexigurança não aplicáveis à nossa realidade.

Continuamente convulsões de governos PDS/CDS/PS nos submetem a políticas devastação social, nos retiram salários e serviços públicos e privatizam os sonhos. Estamos fartos de rebuçados, chantagens externas e à ditadura da dívida. Queremos políticas sérias e comprometidas com as pessoas, que antes de serem números são vidas.

Diana Neves

Facebooktwitterredditlinkedintumblrmailby feather