“Não há pior política do que a política do pior”

333533“É assim que se resolvem os problemas de Portugal?” pergunta António Nóvoa, Reitor da Universidade de Lisboa, no seu comunicado em reacção ao despacho do Ministro das Finanças.

“Quem, num quadro de grande contenção e dificuldade, tem procurado assegurar o normal funcionamento das instituições, sente-se enganado com esta medida cega e contrária aos interesses do país”. Já em 2007, em entrevista ao Público, António Nóvoa afirmava que “as universidades estão a ser bloqueadas através de uma permanente ingerência da máquina administrativa e das Finanças (…). É inacreditável e impensável em qualquer parte do mundo”.

No despacho do Ministro das Finanças, Vítor Gaspar determina que “os serviços (…) não podem assumir novos compromissos sem autorização prévia do Ministro de Estado e das Finanças”, retirando qualquer autonomia na administração do dinheiro alocado às instituições públicas. Esta medida cega do Governo bloqueia “a mais simples das despesas” levando à “perturbação e ao caos sem qualquer resultado prático [num] gesto insensato e inaceitável, que não resolve qualquer problema” afirma o Reitor da Universidade de Lisboa. O Governo põe assim “em causa importantes compromissos, nomeadamente internacionais e com projectos de investigação [originando] enormes prejuízos no plano institucional, científico e financeiro”, numa altura em que a Ciência e Tecnologia e o Ensino Superior são decisivos – na sua capacidade de criação de novas tecnologias e conhecimento – para ultrapassar a crise sem ter de recorrer às sucessivas medidas de austeridade, da precarização das relações laborais e da completa deterioração das condições de vida de quem ainda não foi obrigado a sair de Portugal.

António Nóvoa não se conforma com estas “políticas do pior” e conclui o seu comunicado afirmando que “na Universidade de Lisboa saberemos estar à altura deste momento e resistir a medidas intoleráveis, sem norte e sem sentido.” não se resignando a uma das mais brutais ofensivas do Governo contra o estado democrático.

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