Nem toda a maquilhagem do mundo tapa um buraco de 6 mil milhões de euros

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Apesar de Pedro Passos Coelho anunciar de facto a entrada num novo ciclo para o seu velho governo, em que enche a boca para reiterar o apelo à União Nacional do Estado Novo, a sua governação continua a produzir os efeitos que todos conhecemos: e aparece, naturalmente, um novo buraco de 6 mil milhões de euros em 4 hospitais em PPP, para juntar a todos os desastres do governo na última semana.

O entusiasmo de Passos Coelho e da troika com a solução autoritária foi reiterado hoje pelo primeiro-ministro, que referindo-se ao seu apelo à União Nacional (nome do partido único durante a ditadura do Estado Novo) feito ontem, clarificou: “Quero apenas reafirmar que o país precisa muito de um espírito de união e de união entre todos os portugueses e de uma união nacional”. Mas é um sinal de fraqueza e a tentativa de amarrar o PS à catástrofe governativa: o velho governo de Passos Coelho e Paulo Portas entrou na sua primeira semana de recauchutagem por entre escândalos de mentiras de SWAPs, de absolvidores de Oliveira e Costa e accionistas do BPN, de ex-funcionários da ONGOING e do Citygroup. E hoje soube-se que o Tribunal de Contas detectou um buraco de 6 mil milhões de euros que o Estado terá de pagar relativos aos hospitais de Braga, Vila Franca de Xita, Cascais e Loures e os centros de Medicina Física e Reabilitação do Sul e de Atendimento do Serviço Nacional de Saúde. Um ministro que saía pouco beliscado da hecatombe, Paulo Macedo, vê hoje cair-lhe aos pés um colapso orçamental vindo da ruína pública que são os esquemas de PPP, que o mesmo sempre defendeu. Também o Tribunal Constitucional acaba de chumbar a lei dos “Julgamentos Sumários” proposta pela Ministra Paula Teixeira da Cruz, inconstitucional porque não garante os direitos e garantias de defesa dos acusados.

Apesar da gigantesca campanha de propaganda encetada pelo governo com o apoio de numerosas agendas de comunicação, a primeira semana depois do anúncio de Cavaco Silva de que não demitiria o governo cadáver de Passos e Portas foi um desastre para este velho governo. A sucessão de eventos que o descredibilizam é de uma velocidade vertiginosa – a toda-poderosa ministra das Finanças mentiu no Parlamento, o novo ministro dos Negócios Estrangeiros é parte activa do maior escândalo bancário da História do país, um dos novos secretários de Estado vem da Ongoing, conhecida por contratar os serviços informativos para contar segredos de Estado, outro novo secretário de Estado (do Tesouro), vem do Citygroup, onde vendia swaps a empresas públicas portuguesas e depois foi administrar a Parpública onde liderou o processo de privatizações com a assessoria do Citygroup. Adicionamos que Paula Teixeira de Cruz viu a sua principal peça legislativa ser chumbada pelo Tribunal Constitucional por ser contra a lei e a constituição e que Paulo Macedo, defensor das PPP e da privatização da Saúde viu aparecer-lhe um buraco maior que o Orçamento do seu ministério e temos uma semana horribilis para o fragilíssimo Passos Coelho. Talvez isso explique a sua desesperada tentativa de criar com soundbytes pensados por agência de comunicação privadas a ideia de que tem força para transformar o Velho Governo com um Novo Ciclo, um Novo Estado, ou um Estado Novo.

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