Opinião: 3 anos de Sócrates

Hoje o primeiro-ministro Sócrates passou uma hora na SIC a fazer um balanço sobre os três anos do seu Governo. Foram 60 minutos de justificações e esquivas, onde a propaganda, cada vez mais gasta, não deixou de ser o prato principal. É, agora, uma arrogância frouxa, sem convicção, num exercício permanente de auto-elogio, à falta de quem o faça por ele (fora do curto, mas gordo, círculo dos beneficiados).

É claro que não faltaram patrões a considerar que “se pode ir mais longe” e “comentadores” a clamar vitória. “O debate correu bem ao sr. primeiro-ministro” vai, com certeza, ouvir-se por aí. Os mais de 500.000 desempregados e, no mínimo, 1.000.000 precários, sabem que é mentira. Porque é mentira que “o país está melhor” e que “foram criados 94.000 empregos” (até porque o emprego está a deixar de existir: agora as pessoas “trabalham”, às vezes…). Porque é mentira que este seja “o Governo que aposta nas políticas sociais”, ao mesmo tempo que se finge obcecado com défice para poder acabar com o que resta do Estado Providência.

A notícia amanhã, se calhar, será: “Sócrates mantém a promessa [“objectivo”, diz ele] da criação de 150.000 empregos durante esta legislatura”. Nós dizemos hoje: há menos emprego e muita precariedade, porque os patrões, ajudados por Livros Brancos e afins, fazem o que querem e a chantagem não pára de aumentar. Mas também aumenta a coragem e a capacidade de a enfrentar.

Tiago Gillot

Facebooktwitterredditlinkedintumblrmailby feather