Opinião :: Direcção da UGT prepara-se para patrocinar o contínuo saque do Estado em benefício dos patrões
Segundo o suplemento de Economia do Público, a UGT, pela qual João Proença é o responsável máximo, prepara-se para propôr algo que só pode deixar satisfeitos os patrões e o governo. Para a direcção desta organização que tem predileção por encenar uma pseudo-luta, os desempregados que retomem a actividade profissional nos primeiros meses de desemprego devem poder acumular uma percentagem do subsídio com o salário.
É uma medida que à partida pode parecer positiva. O problema é que transforma as contas públicas num financiador dos salários dos trabalhadores que produzem riqueza para alimentar o sector privado,. Ou seja, um novo subsídio, desta vez para que os patrões paguem os salários e para tornar ainda mais a riqueza produzida pelas empresas no lucro que eles próprios obtêem. Assim, caminha-se para a margem máxima, risco zero e estado fornecedor de subsídios de acumulação de riqueza.
Esta proposta, conjugada com a cessação contínua de vínculos laborais estáveis e generalização de formas precárias de contratação, legais e ilegais, tornar-se-á numa forma de relação salarial onde o estado entra nas empresas como pagador de salários. É também um aproveitamento cínico da parte da direcção da UGT sobre a posição de fragilidade de um número cada vez maior de trabalhadores, para quem 5 ou 10€ fazem diferença.
Por outro lado, esta proposta, em nada confronta o poder político e de capital com a crescente desigualdade na distribuição de riqueza. Em nada beneficia sequer a médio (curto?) prazo, os trabalhadores, pois coloca ainda mais carga em cima do Estado no apoio às empresas que cada vez mais se tornam fachadas improdutivas. A acumulação dos accionistas e patrões fica cada vez menos relacionada com a capacidade produtiva e desinteressa-se ainda mais de formas de produção modernas e aliadas ao conhecimento.
Hoje, perante a calamidade em que resultaram anos e anos de corrupção do poder político pelo capital e de uma crença absolutamente ingénua e vazia nos dogmas de mercado, temos uma situação que se aproxima a passos largos de uma catástrofe social:
– 416 mil pessoas vivem em famílias sem qualquer emprego
– mais de 10% dos trabalhadores estão desempregados
– metade dos desempregados não tem qualquer apoio no desemprego
– os jovens verão o desemprego acima dos 20% até 2012
– as políticas de apoio no desemprego são das mais restritivas da Europa. E este governo, com a ajuda dos parceiros à direita e da direcção da UGT procura restringir ainda mais.
– o risco de pobreza em Portugal está acima da média europeia
…ao mesmo tempo que alguns absorvem milhões de Euros por ano, produzidos com o trabalho de milhares de pessoas, com o beneplácito de meia-dúzia de accionistas e, pior, do Governo.
Cada um fará a escolha do lado em que pretende ficar. Porque a vida tem destas coisas… lados diferentes e que conflituam. Temos é que clarificar em que lado estamos.
rUImAIA
Ver:
Desemprego jovem: Portugal fica acima dos 20% até 2012
Risco de pobreza em Portugal acima da média europeia






