Pedro Passos Coelho, Miguel Relvas, Alexandre Miguel Mestre. Boa parte do governo de Portugal, eleito para recuperar o país, está a insultar todos os dias os cidadãos que constroem a riqueza que ainda por cá é produzida. Entre sugestões de que quem não gosta de ser pobre deve emigrar, de que os cidadãos têm estado em “zonas de conforto” ou de que o país deve ficar “orgulhoso” dos fortes que cortam a sua vida ao meio e decidem sair do país, sair dos afectos e da sua história pessoal, os responsáveis máximos pelo país tornaram-se em perigosos e agressivos ditadores políticos. Eles ditam hoje que o contrato social deve ser rasgado, tem de ser rasgado… e de facto rasgam-no, contra a Democracia e contra a Constituição Portuguesa.
Afirmam que vão destruir o que for necessário “custe o que custar”, das vidas do país desde que seja para bem das finanças e da economia. Mas o seu programa político para a economia e as finanças só serve para aumentar a pobreza da maioria e a riqueza da minoria. Ao mesmo ritmo a que a desigualdade aumentou em Portugal desde 1982, as palavras dos poderosos perderam rigor e substância na medida em que a política dos partidos de poder, PSD, PS e CDS, se afinou como máquina de acesso e manutenção do poder e de classe.
Às dificuldades de um país que nunca chegou a ter tempo para saber muito bem o que era a democracia ou sequer teve acesso uma qualidade mínima de vida, Passos Coelho e Paulo Portas, PSD e CDS, com a complacência de António José Seguro (num PS que no essencial alinhou na destruição do país), roubam os descontos, os medicamentos, as escolas, os centros de saúde, as maternidades, os hospitais, os transportes públicos, os miseráveis salários que sempre tivemos, o pouco que tivemos. Sempre, sempre, só conhecemos a cauda da Europa.
Depois de 50 anos de fascismo, Miguel Relvas, o ministro da propaganda e homem de bastidores, censura opiniões na rádio pública, acaba com programas, e programa ao mesmo tempo emissões de televisão e de rádio, por vezes coordenados com regimes onde não há eleições, ditaduras bem dito, como Angola, em que só falta que peçam aos que assistem para que se levantem com o braço direito esticado em frente e palma aberta para baixo.
Passos Coelho é um jovem primeiro-ministro, vindo das escolas da JSD directamente para a Administração de empresas do seu colega de partido Ângelo Correia. Daí, veio para o governo, porque é assim que funcionam as democracias quando estão doentes ou em fim de regime. Hoje, este jovem, chama de “piegas” aos avós do país que só conheceram pobreza e dificuldades, analfabetismo. Chama “piegas” à geração que lutou contra a ditadura do tal “Dr. Salazar” e de Marcelo Caetano a quem Passos Coelho pelos vistos parece respeitar mais. Chama “piegas” a uma geração que nunca conseguiu sair de casa dos pais. Chama “piegas” a quem não sabe como ter dinheiro para ser independente e tem de estudar para ser escravo.
A medida da aceitação dos insultos que nos são dirigidos é a aquela a que um país agredido aprende a remeter-se. Quando mais agredidos, mais habituados à degradação social estaremos, bem como às consequências violentas para nós próprios, familiares, amigos, conhecidos, vizinhos…desconhecidos.
O inverso também é verdade, quanto mais respondermos, mais coragem teremos. Quanto mais luta de punho cerrado fizermos, mais solidariedade sentimos de quem caminha ao nosso lado. Quanto mais democracia tivermos, menos governos anti-democráticos teremos.
Neste sábado vamos responder ao Passos Coelho e aos seus amigos que não aceitamos novamente a mordaça e viver a pão-e-água.