GRÉCIA – Greve Geral perante a chantagem internacional

Na Grécia, a contestação popular continua. A greve geral de 24 horas, convocada pelas duas principais centrais sindicais gregas, GSEE (privado) e ADEDY (público), parou transportes, escolas e hospitais. Nas ruas de Atenas e Tessalónica, milhares de manifestantes fizeram ecoar o descontentamento popular pela degradação absoluta das condições de vida no país, fruto da austeridade imposta pela troika.

Esta greve tem lugar numa altura em que o governo de “unidade nacional” imposto por Merkel e Sarkozy, composto pelo partido socialista (PASOK), direita conservadora (ND) e direita nacionalista (LAOS) se reúne para concertar as medidas punitivas exigidas pela troika para mais um acordo de “resgate”, insistindo nas reformas económicas brutais impostas ao povo grego, que já levaram o país ao desespero. O novo empréstimo de 130 mil milhões de euros vem provar a falta de sentido das medidas de austeridade que reforçaram absolutamente a tendência depressiva das medidas de austeridade, assim como a devastação social que delas decorre, destruindo a capacidade produtiva do país. As novas contrapartidas que constituem a extorsão por parte do FMI, BCE e UE incluem a redução em 20% a 30% do salário mínimo, passando na melhor das hipóteses para os 525 euros mensais (equivalente a baixar o salário mínimo português para 388 euros), assim como o despedimento de 15 mil funcionários públicos em 2012. A realização da greve e a contestação nas ruas adiou a decisão para amanhã. Neste mesmo dia as principais associações de advogados, engenheiros e médicos juntaram-se oficialmente hoje para constituir uma frente comum de oposição às reformas e à austeridade exigidas pelos credores, considerando-as ilegais, ilegítimas e uma autêntica ocupação do país. Em Kilkis, no norte do país, os funcionários do hospital local ocuparam as instalações e declaram que, sem as verbas públicas que foram cortadas, a gestão passará a ser feita pelos trabalhadores.
                             Papademos              Papandreou                Samaras                 Kratzaferis

No entanto, durante o dia Durão Barroso veio aumentar a chantagem sobre os partidos políticos gregos para que aceitem estas medidas draconianas, aumentando ainda mais a “suspensão da democracia” que está em vigor desde que Merkel e Sarkozy substituíram o governo de Papandreou pelo de Papademos e Venizelos. As eleições na Grécia, previstas para Janeiro, foram novamente adiadas, propondo-se agora que as mesmas se realizem apenas em 2013, mantendo o povo grego amordaçado e manietado, sem poder pronunciar-se nas urnas quanto à austeridade e à destruição da sua sociedade.
O acordo que Merkel e Sarkozy esperam obter de Papandreou (PASOK), Samaras (ND) e Kratzaferis (LAOS) até à próxima 5ª feira para esta pretensa “reestruturação” da dívida, materializar-se-á apenas num agravar da transferência de riqueza dos trabalhadores para a finança e a banca. Esta reestruturação, tal como a assinatura dos resgates da troika, representará a degradação absoluta da população grega e dela não advirão quaisquer vantagens para o povo. Apenas uma reestruturação que se baseie nas necessidades de quem trabalha e feita por um governo com legitimidade popular e democrática poderia beneficiar a Grécia enquanto povo. Para evitar que esta solução ocorra, as elites económicas continuam a brandir ameaças, acenando com a data de 20 de Março como dia de reembolsar a troika em 14,5 mil milhões de euros, dia em que se materializaria o incumprimento e a bancarrota. Nas ruas o povo dá a única resposta resposta racional à loucura que por estes dias vai ocupando o espaço político, mediático e a opinião pública internacional: “Basta! Vamos continuar até à vitória!”
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