Programa cautelar: a doika depois da troika
A crise política que se arrasta há 20 dias tem feito correr muita tinta, mas as instituições europeias já decidiram o que vai acontecer depois da “mágica” data de junho de 2014, o mês em que a troika abandona o país. O fim do programa de ajustamento nesse mês fará sair o FMI de Portugal, mas o Banco Central Europeu e a Comissão Europeia ficam. De troika passamos a doika.
O Banco de Portugal já reuniu com os comissários europeus para preparar o Programa Cautelar que funciona como a contínuação do regime de austeridade, afinal de contas os 2 anos de memorando da troika fizeram a dívida externa aumentar de mais de 90% do PIB para quase 130% do PIB e alguém tem de pagar essa dívida.
O Programa Cautelar terá de ser assinado pelo Governo Português que estiver em funções no momento e pelos responsáveis do mecanismo europeu de estabilidade (MEE): o Banco Central Europeu e a Comissão Europeia.
E depois é como foi o memorando da troika: se os mercados financeiros começarem a ficar nervosos e os juros subirem, o Governo pede dinheiro emprestado ao Fundo de Resgate Europeu, desde que se cumpram medidas de austeridade.
Se parece que Passos e Portas ainda não perceberam que austeridade gera recessão e recessão gera austeridade, pode mesmo dizer-se que a Comissão Europeia de Barroso não aprendeu nada com a crise europeia e apresenta a mesma solução que não resultou nos últimos 4 anos.
E tudo isto é se não houver um novo 2º resgate versão hardcore, o que já tem sido sugerido como a causa provável da atual crise política por vários analistas.
Notícia aqui, por exemplo.
by