Governo alemão semeia a precariedade e persegue desempregados

Wolfgang Schaüble foi à Grécia há 2 dias, em mais um dia em que se suspendeu a democracia para proibir o direito à reunião e à manifestação em Atenas. Na bagagem o ministro das Finanças alemão levava mais um memorando de entendimento, que compreende com força, a liberalização total dos despedimentos e minijobs de 450 euros por mês sem contribuições ou direitos. Na Alemanha, diz o instituto de emprego local, o segredo para os desempregados pouparem é vender a mobília e deixar de vender carne.

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Não é o segredo e já o próprio Schaüble defendia, há mais de um ano, que o Sul da Europa se devia tornar uma zona económica especial para atrair investimento, onde a legislação laboral e a legislação de protecção ambiental não existissem. Mas assim foi, quase enquanto governador de província anexada, apresentar-se em Atenas com propostas de saída da crise que garantem torná-la permanente. O ministro re-apresentou a instauração dos “minijobs”, empregos precários com horários até 40 horas por semana, com um salário máximo de 450 euros, sem direitos nem contribuições sociais, e a liberalização total dos despedimentos. Em Espanha há muitos defensores desta proposta, num país onde o desemprego jovem ronda os 60%. Em Portugal apenas a JSD defendeu esta proposta de ultra-precarização, esquecendo-se que existem modelos como os falsos recibos verdes que se aproximam bastante desta realidade. Na Alemanha estima-se que são mais de 6,8 milhões de pessoas a trabalhar nestas condições, em mais uma operação cosméticas que retira pessoas das estatísticas do desemprego, para pô-las na armadilhas dos empregos precários e de baixos salários.

No entanto, em Pinneberg a agência de emprego local publicou as suas recomendações para os desempregados: deixar de comer carne, beber apenas água do cano, tomar duches rápidos e vender a mobília da casa. Uma proposta muito avançada, em particular para os desempregados de longa duração. Para se aceder ao subsídio de desemprego sem se ter trabalhado anteriormente (1º emprego, desemprego jovem) não podem ter quaisquer bens ou poupanças. Pessoas que tenham casas, por exemplo, podem ser obrigados a vendê-las. Jóias e outros bens passíveis de ser vendidos têm de sê-lo. Também não se pode receber dinheiro de familiares ou amigos e a agência de emprego tem o direito de mandar controladores à residência dos desempregados para revistar a casa em busca de objectos “inapropriados” na sua condição de receptores de apoios.

Assim vai a vida na Alemanha, onde dizem que não há crise. Estar no desemprego é o equivalente a ter cometido um crime, e a vida de quem recebe apoio é escrutinada por uma autêntica polícia política. Se este é o caminho que o Governo alemão quer para quem vive na Alemanha, o que não quererá para os povos dos Sul?

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