Protesto uniu comunidade científica contra a política de desinvestimento do Governo
A concentração de ontem, marcada para as instalações da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), foi um forte protesto e uma mensagem clara. As largas centenas de pessoas presentes no protesto, que incluiu uma marcha que se dirigiu à residência oficial do Primeiro-Ministro, gritaram pela demissão do Ministro Nuno Crato e do Presidente da FCT Miguel Seabra. Quem assegura a investigação e o trabalho científico em Portugal não aceita o retrocesso que o Governo quer impor.
Bolseiros, investigadores, professores. De vários pontos do país e das diversas áreas do conhecimento. A comunidade científica saiu à rua, numa inequívoca demonstração de chumbo à política do Governo. A Associação de Bolseiros de Investigação Científica (ABIC), que convocou o protesto, entregou uma moção na representação do Primeiro-Ministro em São Bento.
De forma simbólica, um caixão foi carregado por manifestantes vestidos de preto, que assim demonstravam que o caminho que está a ser seguido está a matar a Ciência. São os cortes nas atribuições das bolsas, mas também a atitude autoritária e burocrática da FCT e, em suma, a forma declarada como o Governo pretende cortar radicalmente no financiamento e inclinar as políticas públicas no sentido do mercado, da competição e da selecção.
Querem-nos a recuar 20 anos, mas agora para desperdiçar o investimento público feito entretanto. Um desperdício que se conta duramente nos números assustadores da emigração forçada, na perda de competências, nas ofertas aos interesses do mercado, mas também no desespero de milhares de pessoas que enfrentam a precariedade ou mesmo a ausência total de perspectivas para conseguir trabalhar no desenvolvimento de ferramentas essenciais ao país.
A mobilização da comunidade científica teve ainda ontem uma consequência imediata. Manuel Seabra vai ter de ir ao parlamento explicar a redução das bolsas atribuídas. A maioria que suporta o Governo ainda chumbou a ida de Nuno Crato ao parlamento, mas viu-se forçada a deixar passar a audição ao Presidente da FCT.






