Rádio Clube Português fecha este domingo. 36 trabalhadores são despedidos.

A partir de amanhã a Rádio Clube Português vai deixar de emitir, anunciou a Administração do grupo Media Capital na passada quinta-feira, explicando que o projecto não tem viabilidade económica e que esta decisão implica o despedimento de 36 trabalhadores.
Termina assim uma rádio que surgiu em 1931 e que manteve esta designação até 1975, ano em que foi nacionalizada, passando a chamar-se RDP – Rádio Comercial. Em 2003 a marca Rádio Clube Português regressou por iniciativa do grupo Media Capital e foi depois convertida num modelo mais informativo em Janeiro de 2007, com uma filosofia de “rádio de palavra”, sob a direcção de Luís Osório, numa postura de concorrência directa à rádio de informação TSF e Antena 1.

Este não é o primeiro despedimento feito nesta rádio: em 2008 houve uma redução do número de trabalhadores nas várias rádios do grupo e em 2009 chegou mesmo a ser feito um despedimento colectivo na RCP que abrangeu 10 pessoas, como noticiamos aqui no blog. Na altura este último despedimento mereceu o repúdio por parte do Sindicato de Jornalistas que o considerou “injustificado”, já que o grupo Media Capital, que inclui a TVI, Rádio Comercial, Castello Lopes Multimedia, Cidade FM, entre outras marcas, tinha sido o único grupo que em 2008 não sofreu quebras de receita publicitária, pelo contrário, aumentou em 32,2% o seu volume de negócios e distribui dividendos no valor de 61 milhões de euros.
Desta vez o caso é mais grave, porque implica o despedimento de 36 trabalhadores e o fecho da marca. O Sindicato dos Jornalistas critica novamente esta decisão, não só pela forma como a decisão foi transmitida aos trabalhadores, mas ainda pelo facto de o grupo ter apresentado resultados positivos este ano, já que arrecadou nos três primeiros meses do ano receitas de 2,6 milhões de euros (mais 5 por cento que no primeiro trimestre de 2009).
No comunicado divulgado pelo Sindicato dos Jornalistas estranha-se a forma como a decisão foi transmitida aos trabalhadores: “inviabilidade económica de um projecto tecnicamente complexo e dispendioso”, e remetendo para uma reunião a realizar amanhã “com os advogados da empresa” todas as questões relativas à “dispensa” de pessoal. Este procedimento pode configurar uma tentativa de despedimento colectivo ilegal.
Além disso não se compreende esta decisão num grupo com resultados crescentes, tendo os custos diminuído 2 por cento para 3 milhões, e que afirmava há pouco tempo que: “o processo de optimização de redes de emissão entre o Rádio Clube e a M80” decorria “de forma bastante positiva”, e dizia esperar que tal se continuasse a repercutir “de forma materialmente favorável nas audiências e proveitos de publicidade”.
A partir de amanhã esta rádio passará a emitir 3 noticiários ao longo do dia, sendo o resto do período ocupado com música dos anos 60 e 70. Cala-se assim mais uma voz informativa que promovia a pluralidade num meio de concentração dos media. A partir de amanhã teremos menos uma forma de ouvir a realidade do país. Mas ainda ficarão por esclarecer as dúvidas de despedimento ilegal, que certamente terão repercussões nos próximos dias.
Relembramos aqui algumas das entrevistas que os Precários Inflexíveis deram à RCP e um desbocanço do antigo Presidente da CIP:

João Pacheco esteve no RCP

Entrevista no RCP com Tiago Gillot, dos Precários Inflexíveis

Francisco Van Zeller desboca-se…

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