Re-privatização do BPN e outros assaltos (EDP e Galp)

O conselho de Ministros anunciou hoje, após reunião, a venda de 95% do Banco Nacional de Negócios (BPN). Perante a aproximação do colapso deste banco, provocada pela mais violenta especulação e restante jogo sujo em que se movem os interesses do capital financeiro, que representam as ambições dos maiores e mais ricos patrões do país, o Governo decidiu na altura com a nacionalização do BPN, o que agora se confirma com a re-privatização: pagar esta factura com a vida de todos nós, com os nossos impostos, com a descapitalização da segurança social e, assim, com a nossa saúde, educação e restantes apoios sociais, mantendo impunes os causadores deste desequilíbrio. Até hoje, o processo de salvação do BPN já absorveu uma injecção de capital promovida pela Caixa Geral de Depósitos – portanto, dinheiros públicos – superior a 4 mil milhões de euros. Uma vez que agora o Governo se prepara para entregar o BPN,  provavelmente a algum enteado, pela módica quantia de 180 milhões, significa que saíram dos nossos bolsos, sem retorno, no mínimo a quantia de 3.820 milhões de euros. Valor superior ao que o Governo prevê poupar com as medidas de austeridade – congelamento de salários e da admissão de trabalhadores na função pública – até 2013 que afectam a totalidade dos funcionários públicos mas também a todos nós com a degradação de serviços, 3,2 mil milhões de euros (aqui).

Mas hoje, o anúncio da entrega de mais facilidades e regalias a estes mesmos patrões não ficou por aqui. O conselho de Ministros decidiu ainda avançar com a oitava fase de privatização da EDP e a quinta fase da venda de capital estatal da Galp Energia. É preciso dizer que, no sector da energia, tanto a EDP como a Galp apresentam lucros avultados todos os anos, relembremos as notícias do passado dia 29 de Julho que informavam que os lucros da EDP superaram as estimativas, com 565 milhões de euros no primeiro trimestre do ano corrente (aqui). Assim, a privatização do sector energético representa uma brutal descapitalização do Estado, mas também uma oportunidade de ouro para qualquer entidade privada enriquecer às nossas custas. Observemos como Américo Amorim se tornou no homem mais rico do país em pouco tempo, com 4 mil milhões de dólares, após aquisição (“oferta” do Governo) de uma parte da Galp.

Vivemos o tempo em que, descaradamente, se exigem sacrifícios à totalidade dos trabalhadores – cortes nos salários, aumentos de impostos, redução de apoios sociais, etc. – em nome da crise que não geraram e, em simultâneo, se entregam regalias avultadas a quem já está farto de brincar com o sistema financeiro e de engordar com a nossa exploração.

Notícia, por exemplo aqui

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