Sindicatos denunciam precariedade e desemprego em Castelo Branco

Notícia do Jornal Reconquista, de 31/12/2008:

Encerramentos mandam 3767 para o desemprego

Deprimido, envelhecido, discriminado e esquecido nas políticas de investimento. É assim que se encontra o distrito de Castelo Branco aos olhos da União dos Sindicatos de Castelo Branco (USCB), que deu a conhecer o relatório sobre a situação económica, social e laboral do distrito. As culpas são apontadas ao poder no Terreiro do Paço mas o documento é igualmente corrosivo para com os responsáveis locais. A USCB crítica o “espírito de capelinha e da exploração dos bairrismos bacocos e retrógrados”, que conduz ao não aproveitamento das oportunidades de desenvolvimento. O documento diz – preto no branco – “não há poder regional e local forte e reivindicativo e falta visão estratégica”, para acrescentar logo a seguir “tudo se vê ao nível de pequenos e efémeros poderes”.

Nas contas dos autores do documento, entre Janeiro de 2000 e o final do último mês de Novembro encerraram meia centena de empresas e perderam-se 3767 postos de trabalho em todo o distrito. Só no concelho de Castelo Branco desapareceram nesse período 11 empresas e 839 postos de trabalho, com a freguesia de Cebolais de Cima – outrora um bastião da indústria têxtil – a perder praticamente todas as suas indústrias na área das confecções. Mas a situação é mais dramática a norte da Gardunha, onde só a Eres, do Fundão, mandou para a rua o equivalente a mais de metade dos postos de trabalho perdidos em oito anos em todo o concelho de Castelo Branco.

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Cerca de um quarto dos trabalhadores por conta de outrem no distrito de Castelo Branco estavam em situação precária em 2006, mas de acordo com os autores do documento a realidade poderá ser ainda mais penalizadora, tendo em conta que estes números “não incluem outras situações precárias para além do contrato a termo, como o falso trabalho independente”. Os sectores da agricultura e florestas são aqueles onde a precariedade atinge maiores valores, com mais de 30 por cento dos seus trabalhadores nesta situação. Nos jovens a precariedade atinge mesmo os 40 por cento, de acordo com o estudo da USCB. Nos salários o distrito também fica a perder. Um trabalhador no distrito de Castelo Branco recebe em média apenas 78 por cento do salário base a nível nacional, cerca de 614 euros. Muitos nem isso. Na zona do Pinhal 18,5 por cento dos trabalhadores vão para casa ao fim do mês com o salário mínimo e se forem mulheres a percentagem sobe aos 26,6 por cento. O distrito tem os salários mais baixos do país, só ultrapassado por Guarda, Bragança e Viana do Castelo.
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