Sócrates demitiu-se mas a crise social está na rua
Durante a tarde no Parlamento, durante a votação dos projectos de resolução dos partidos da oposição que rejeitaram o PEC4, muitos falaram de crise política e do problema que esta crise vai criar abrindo a porta à entrada do FMI.
No entanto, a verdadeira crise que existe em Portugal não é de índole política. Em Portugal a crise a que mais importa responder é a crise social.
Existem hoje em Portugal 2 milhões de pobres, 770 mil desempregados, 900 mil falsos recibos verdes, quase 1 milhão de contratados a prazo e 79,3% de pensionistas que recebem abaixo do salário mínimo. Esta é a crise real de que padece a sociedade e esta é a crise que não pode mais ser invisível aos olhos do poder político. As quase 400 mil pessoas que protestaram no passado dia 12 de Março foram portadores das vozes desta crise social que não pode estar fora da reflexão e do debate político.
A campanha eleitoral já começou e hoje é necessário que os portugueses e as portuguesas exijam respostas claras sobre que soluções o poder político oferece para atacar a enorme crise social provocada pela austeridade.
Os Precári@s Inflexíveis irão exigir a todos os intervenientes políticos respostas claras para os problemas verdadeiros das pessoas que trabalham ou trabalharam, porque a força da democracia está nas soluções que oferece.







É uma vergonha…
Em Évora existe um call-center que explora os jovens alentejanos, com contratos precários… há muitos anos… usando-se o sistema de rescindir com uma empresa e fazer contrato com outra.
Trabalhamos com todos os sistemas informáticos do grupo caixa seguros, Império Bonança, Fidelidade Mundial e Multicare, mas não temos o direito a receber um preço mais justo pelo nosso trabalho, tal como os funcionários das Companhias?
Quando contactamos os clientes das Companhias é como se fossemos funcionários destas Companhias, mas para recebermos ordenado já não nos identificamos como tal.
Limitamo-nos a receber entre € 400,00 a € 500,00 e somos tratados como máquinas, pior ainda… pois quando os computadores não funcionam, não existe remédio… quando estamos a precisar de ir à casa de banho, já temos tempos estipulados e a correr depressa.
O Call-center já funciona há muitos anos, muitas empresas passaram muitos “escravos” ficaram…
Agora que mudaram a gestão do Call Center, para uma empresa de escravatura dos tempos modernos, denominada Redware, do grupo Reditus, decidiram inaugurar… vejam lá… inaugurar o Call Center, que devia-se chamar Senzala.
Este grande acontecimento vai acontecer amanhã, dia 25 de Março, e vai ter direito à do Secretário de estado para a inovação Carlos Zorrinho, do Presidente da Câmara de Évora José Ernesto Ildefonso Leão de Oliveira, do Presidente da Caixa Geral de Depósitos Fernando Faria de Oliveira, do Presidente das Companhias de Seguros do Grupo Caixa Seguros Jorge Magalhães Correia e as suas comitivas.
E pergunto-me vão inaugurar o quê, mais uma fase da exploração de pessoas, que têm que se sujeitar às condições destes empregos porque não existe mais nada?
Mas não somos pessoas?
Não devíamos ter direito a usufruir de condições mais justas pelo nosso trabalho, para termos direito a viver?
Até quando é que o nosso Pai, a nossa Mãe, o nosso Tio, a nossa Tia,… poderão ajudar-nos?
Mas depois é ver a publicidade destas empresas, em que parecem todos bons rapazes e muito solidários, eis um exemplo http://www.gentecomideias.com.pt/gentecomideias/Pages/MensagemdoPresidente.aspx
Sr. Presidente da Câmara, tenha vergonha em pactuar com esta forma de escravatura… ponha a mão na sua consciência, isto se ainda a tiver…
Call centers da vergonha.
esta escravidão irá continuar enquanto não se fizer algo para expor de forma real esta situação.