Testemunho: call center e empresa de outsourcing violam privacidade dos seus trabalhadores

Recebemos um testemunho de uma trabalhadora que trabalha num call centre de uma empresa e que está contratada através de outra empresa de outsourcing que a cede. Esta pessoa descobriu que as suas conversas com os colegas entre chamadas são gravadas pelo call centre e que este informou a empresa de outsourcing do teor dessas conversas avisando-a para “ser mais cuidadosa”. Esta situação tem de ser averiguada pela Comissão Nacional de Proteção de Dados, pois há indícios de violação dos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras
Partilhamos aqui, na integra, o testemunho que recebemos:
«Venho por este meio denunciar algumas das minhas condições de trabalho no call center outsorcing onde exerço funções. Sendo assim, pretendo tornar publico que no departamento de vendas onde me encontro fui chamada a atenção em Junho porque após ter realizado uma venda via telefónica, em Maio, supostamente tive quinze minutos a conversar com os meus colegas e até hoje não sei qual foi o teor da minha conversa.

Efectivamente em Maio a empresa final ao deslocar-se à empresa outsorcing para a qual trabalho, para me darem formação, disse que me queria conhecer e não me referiu o motivo do interesse. Um mês depois, e quando estou a aproximar-me do período de aviso de continuidade ou rescisão do meu contrato a empresa outsourcing para a qual trabalho, disse-me que eu deveria ter mais cuidado porque quando se realiza uma venda telefónica e solicitamos autorização para gravar a chamada, após desligarmos a mesma, as minhas comunicações, neste caso com os meus colegas continuam a gravar. 
Questionei à supervisão qual tinha sido o teor da minha conversa com os meus colegas a mesma não só não me disponibilizou a minha conversa gravada com os meus colegas como me disse que eu tinha estado na galhofa e para eu passar a ser mais cuidadosa. Questionei porque não me avisaram na altura e disseram-me que apenas tomaram conhecimento em Junho. Falei com outra pessoa da qualidade que me disse que achava estranho porque todos os contratos têm de ser auditados antes de serem enviados para a empresa final sobre a qual o mesmo é celebrado. 
Decidi então deslocar-me à Comissão Nacional de Protecção de Dados Pessoais, com sede na Rua de São Bento 148 3º 1200-821 Lisboa, que me aconselhou a realizar uma denuncia porque mesmo num call center continuo a ter o direito, como qualquer cidadão, à confidencialidade das minhas conversas com os meus colegas e a disponibilização destes dados a outrem e ainda a gravação negligente ou não bem como a utilização abusiva dos mesmos constitui uma violação dos meus direitos quer me encontre num call center ou não.»
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