“The Poets Inn”: a precarização de quem faz mexer o Porto | Testemunhos
Nos últimos anos, a cidade do Porto tem figurado nos principais guias turísticos europeus como um destino de eleição. O afluxo crescente de turistas levou à multiplicação de ofertas hoteleiras e de lazer na cidade. A já conhecida “movida” portuense trouxe vida e agito à baixa da cidade, zona particularmente afetada pela degradação e o abandono. Todos os meses um grande número de trabalhadores faz acontecer essa movida, seja nos bares e restaurantes, seja nos hotéis e hostels que albergam os turistas. São, na sua maioria, trabalhadores precários. Sem contratos ou a falsos recibos verdes, pagos à hora ou obrigados a trabalhar horas sem fim, sem qualquer subsídio, sem proteção, sem uma remuneração justa. Fazem mexer uma cidade que depende, como nunca, dessa movida.
O caso do “The Poets Inn”, antigo “Oporto Poets Hostel”, é paradigmático dessa realidade. Situado no centro histórico da cidade, figura no top dos sites de turismo especializados e oferece um ambiente descontraído e de romantismo, pois como diz o seu site, “é feito por viajantes para viajantes, de poetas para poetas, projetado para oferecer conforto, prazer e lazer”.
Este hostel, contudo, empregou, durante os últimos anos, recepcionistas a falsos recibos verdes. Trabalhadores que cumpriam horários estipulados, auferiam um salário, obedeciam a uma hierarquia, utilizavam o material do hostel e mesmo assim não tinham direito a um contrato de trabalho. Após uma ação inspectiva da Autoridade para as Condições do Trabalho os proprietários optaram por oferecer contratos apenas a alguns trabalhadores, dispensando os restantes. Recentemente, a transformação do hostel em albergue conduziu a nova vaga de despedimentos.
O “The Poets Inn” é um exemplo dos muitos casos que são partilhados pelos trabalhadores que fazem mexer a baixa portuense. Conhecer os direitos que temos, organizando uma resposta coletiva sempre que possível, é meio caminho andado para combater esta situação e defender uma movida livre de precários.






