Troika muda caras para não mudar políticas
Mais alterações na troika que, como o Governo em Portugal, muda as caras para manter inalteradas as políticas. Saem o alemão Jürgen Kröger, da Comissão Europeia, e Abebe Selassie, do FMI. Mantém-se Rasmus Ruffer, do Banco Central Europeu, que passará a ser acompanhado por Subir Lall, do FMI e por John Berrigan, da Comissão Europeia. As operações de cosmética continuam e, apesar dos arrufos trocados entre as organizações responsáveis pela imposição do regime da austeridade, tudo indica que as políticas continuarão a ser exactamente as mesmas.
A razão para a saída de Jurgën Kröger é muito irónica nos dias de hoje: tendo atingido os 65 anos, o economista alemão vai-se reformar quando ajudou a impôr o aumento da idade da reforma em Portugal, Grécia e Irlanda. John Berrigan, o irlandês que vai substitui Kröger, é Director para a Estabilidade Financeira e Assuntos Monetários da Direcção Geral de Economia e Finanças da Comissão Europeia. Ex-funcionário do FMI, fez parte dos quadros que supervisionaram a entrada em funcionamento do euro.
O FMI passa ao seu terceiro representante na troika em Portugal: depois do dinamarquês Poul Thomsen e do etíope Abebe Selassie, o novo homem-forte da organização será Subir Lall, economista indiano que costumava ser responsável pelo relatório máximo do FMI, o World Economic Outlook. Subir Lall era até aqui responsável do FMI na Alemanha e na Holanda, tendo no passado chefiado missão do fundo na Coreia do Sul, Malásia, Roménia e Rússia.
Quem vê caras, não vê políticas, e por isso sabe-se que não há alterações significativas às orientações da troika para o país, nem da receptividade que o Governo Passos-Portas a aceitar destruir o Estado Social, precarizar quem trabalha e destruir o emprego. O plano da troika não é um plano de caras, mas sim de organizações, que representam muito concretamente interesses a nível europeu e mundial e que propõe para o Sul da Europa a destruição social como programa político.
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