Um ano de Governo: primeiro-ministro diz querer manter o rumo da austeridade, custe o que custar

No discurso do balanço de um ano de Governo, o primeiro-ministro foi claro quando disse que “não há em parte nenhuma do mundo forma de vencer uma crise económica associada a défices excessivos e a dívidas insustentáveis sem problemas sociais ou sem políticas restritivas”, com esta ideia Passos Coelho explica duas coisas: 1) o desemprego é custo não da austeridade, mas sim dos défices públicos que “tínhamos”; 2) o caminho da austeridade, muito embora crie desemprego, é para manter, “por mais duro que seja”.
Infelizmente, e passado um ano deste Governo, o primeiro-ministro ainda não foi capaz de ver que a austeridade, o aumento do custo da água, da luz, dos combustíveis e dos transportes e o aperto impossível dos impostos, faz com que as pessoas não possam consumir, as empresas não vendam, fechem e muitas pessoas fiquem desempregadas. Por dia, desde o início deste Governo, 18 empresas encerraram, 524 pessoas ficaram desempregadas e o salário médio caiu 12%.

Para mais, as receitas ficais, apesar e por causa do aumento dos impostos, em vez de subirem, desceram. A situação é grave, pois ainda falta metade do ano e o Governo já não tem como ir buscar o dinheiro. O exemplo mais flagrante é o IVA, o Governo esperava que aumentando as taxas para 23% as receitas aumentariam mais de 10%, mas o impacto da subida do IVA fez as receitas descerem mais de 2%. O saldo final é que há um desvio negativo de mais de 17% das receitas que o Governo esperava arrecadar com o IVA. Assim, faltam mais de 2.700 milhões de euros.
Mas a resposta de Cavaco não nos descansa, pois disse que pedir mais sacrifícios a quem já deu uma grande contribuição para a saída da crise; ou seja, o Presidente da República, ciente de que na lógica de Passos e Portas, haverá mais medidas de austeridade, não concorda com mais peso para os funcionários públicos e pensionistas que ficaram sem subsídio de férias e de Natal. Mas isso pode querer dizer que o executivo pode estar a preparar um confisco do subsídio de férias do sector privado e que Cavaco dá o aval.
Seja como for, o que todos e todas percebemos é que a austeridade cria um ciclo infernal do qual não iremos conseguir sair. Só o emprego com direitos pode convocar forças para sair da crise, pela nossa parte e com vários outros movimentos sociais fizemos o esforço de apresentar propostas concretas para este objectivo com a Lei contra a Precariedade.

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