Violência policial na Arrentela

Na noite do passado sábado, a polícia voltou a carregar violentamente sobre os moradores da Arrentela, no Seixal. O vídeo abaixo é da associação Khapaz, que há vários anos desenvolve um importante trabalho, num ponto de encontro e apoio entre os moradores. A associação denuncia que a acção da polícia aconteceu apenas porque, às 22h30, as pessoas visadas estavam a fazer barulho – estranha forma de impor o cumprimento zeloso da lei do ruído. A violência policial é um triste e revoltante quotidiano na Arrentela, como em várias zonas urbanas de exclusão para quem lá vive, escandalosamente encaradas como áreas de experimentalismo securitário. Os exemplos dos últimos anos são vários, alguns trágicos, e a sua descrição não caberia apenas num texto. Deixamos um abraço solidário aos companheiros e companheiras da Associação Khapaz e a todos os moradores da Arrentela.
Para terminar com a arbitrariedade repressiva, que se dirige sempre mais violentamente a quem menos tem e a quem soma à precariedade as ameaças da exclusão, precisamos de unir solidariedades e denúncias, como agora aqui fazemos. Em “ler mais”, partilhamos na íntegra o texto que documenta o vídeo e relata os acontecimentos.

Ontem 15 de Outubro enquanto reclamávamos em frente à assembleia da república por uma Democracia Real, esta democracia mostrava a sua face na arrentela.
Ontem 15 de Outubro por volta das dez a policia agrediu violentamente vários jovens da arrentela, homens e mulheres, (alguns dos quais frente aos seus filhos).
Em resposta a uma denúncia sobre barulho a polícia entrou com socos pontapés e tiros. Tudo depois de uma festa do primeiro aniversário de um bebé do bairro, nas instalações da khapaz, festa essa que acabou exactamente Às dez. Acabada essa festa algumas das pessoas continuaram no jardim a conviver e isso motivou a chamada para a policia, que por sua vez abordou as pessoas com a violência que já nos habituou.
Eram dez e meia nada mais. Teria a polícia respondido assim a uma queixa de barulho no Bairro Alto ou no 24 de Julho. Não pois lá, os filhos de papas saberiam motivar uma resposta.
Porque aqui então? Porque são negros, negras, brancos pobres ou ciganos que não conhecem os seus direitos e são constantemente submetidos a violência deste sistema que nos relegou para o desemprego em massa, para a pobreza, e tem que manter-nos disciplinados nas reservas de mão-de-obra barata ou sucatas dos ex-operários e seus filhos: os desproletarizados, descidanizados e dessocializados.
Restos, duma democracia que sempre se afirmou na exploração e repressão dos negros e dos pobres. Dos bairros e dos países pobres da mão-de-obra escrava e barata. Democracia que se impõe ao mundo dentro e fora de fronteiras pelas armas.
Pelos bombardeamentos e pelas bastonadas. Perguntamos se é esta a democracia que se quer. Perguntamos aqueles e aquelas que reclamavam por uma democracia real se estão continuarão a fechar os olhos e estes acontecimentos. Ou se na democracia que ambicionam há lugar para esta violência racista.
Estes são os mesmos policias que lhes impediram de tomar a assembleia da republica escalados para conter o descontentamento dos jovens, desempregados e precarizados. Estes e estas também fazem parte dessa democracia. Indignem-se por um verdadeiro 15 de Outubro.
São as imagens que mostram, contrariamente ao que a SIC e o Correio da Manhã (instrumentos da propaganda racista capitalista) que não foi nenhuma luta de gangs, não foi nenhuma resistência à autoridade.
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