A Grande Depressão
Quase 5 anos após o colapso dos mercados com a crise do subprime, desenrola-se sob a égide da troika e da austeridade uma grandíssima depressão. Hoje, nas previsões da Primavera divulgadas pela Comissão Europeia confirma-se isso mesmo com o agravar das previsões económicas: a zona euro vai ter uma recessão de -0,4% este ano (depois de -0,6% em 2012), a União Europeia uma recessão de -0,1%. Portugal será o país com a 3ª maior recessão este ano, -2,3%, atrás apenas da Grécia (-4,2%) e do Chipre (-8,7%). E a Europa continua a insistir com o rumo da destruição, esquecendo-se de tudo o que a História ensinou.
O relatório hoje divulgado anuncia ainda um agravamento do desemprego, que subirá para 12,2% para a zona euro e 11,1% para toda a União Europeia. Portugal mantém a previsão da 3ª pior taxa de desemprego, que subirá para os 18,3%, atrás apenas da Grécia e de Espanha (ambas com 27%).
A receita da catástrofe continua a ser seguida em todos os países, directa ou indirectamente intervencionados pela troika. O ano de 2012 conta com recessão em 12 países da UE: Bélgica, Grécia, Espanha, Itália, Chipre, Holanda, Portugal, Eslovénia, Finlândia, Rep. Checa, Dinamarca e Hungria. A previsão para 2013 conta com recessão para Grécia, Espanha, França, Itália, Chipre, Holanda, Portugal, Eslovénia e Rep. Checa.
Em relação a Portugal, a previsão, de acordo também com as políticas orçamentais promovidas pelo governo, é de que haja um agravar do desemprego, para 18,3% em 2013 e para 18,6% em 2014. Vários outros países também vêem a sua situação de desemprego agravar-se, com a previsão de aumento da taxa de desemprego para Itália, Chipre, Luxemburgo, Holanda, Eslovénia, Hungria ou Polónia. O desemprego da zona euro para 2014 está previsto para os 12,1%. Mas, por incrível que pareça, perante estes dados contundentes que configuram uma recessão generalizada e uma depressão económica continental, o relatório reafirma que o necessário é continuar este rumo, como disse ontem o presidente do Conselho Europeu, Herman Von Rampuy.
A previsão de um crescimento económico de 1,2% em 2014 para a Zona Euro também fará parte da ficção da possibilidade de crescimento sem emprego, que corresponde a uma economia sem gente. O facto de se continuar a disponibilizar dinheiro à banca sem que a banca passe depois o dinheiro para as economias confirma essa perspectiva irreal. O facto de se continuarem a baixar as taxas de juro, como o BCE faz, e do dinheiro não chegar às economias, significa que o dinheiro continua, 5 anos depois de começar esta crise, a ser entregue à banca, que o mantém para especular sobre ele e rentabilizá-lo através de derivados e produtos tóxicos, sem o entregar às economias. Poderá significar ainda que estamos à beira da deflacção, numa armadilha de liquidez provocada pela banca e pela finança, que impedem o funcionamento das economias. A Grande Depressão está a ser fabricada pela troika e pela União Europeia. Só as populações poderão travá-la e forçar uma saída para a crise que não seja a destruição do continente.
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