A sede do lucro – 60 horas semanais

Realmente a sede do lucro e o frenesim de exploração dos mais ricos de Portugal – Américo Amorin, Belmiro de Azevedo, grupos Jerónimos Martins e Auchan -, não tem limites (notícias aqui e aqui).

Ontem a FEPCES anunciou que os trabalhadores dos hipermercados iriam fazer greve no dia 24 de Dezembro a fim de protestar contra o aumento do horário de trabalho para 60 horas semanais proposta pelos patrões dos hipermercados.

Hoje soube-se que também os/as trabalhadores/as do “comércio moderno”, como o IKEA, FNAC, Dechatlon, poderão entrar nesta greve visto que também são afectados por esta péssima ideia dos patrões.

A APED, que representa os interesses destes grupos milionários, já veio dizer que acredita que a greve é irresponsável e que é um erro dos trablhadores afectarem os consumidores na época natalicia.

Mas existem aqui vários dados que nos podem ajudar na análise das várias posições:

1) Passar das 40h semanais para 60h semanais de trabalho, sem acréscimo de ordenado, significa que estes trabalhares terão de trabalhar 33% mais e que o seu ordenado diminuirá 33%. A maioria destes trabalhadores já recebe ordenados baixos ou mesmos muito baixos, próximos do ordenado mínimo.

2) O aumento de 20h semanais de trabalho implica que todos os dias os trabalhadores terão de trabalhar 12h e isso faz com que se torne impossível conciliar a sua profissão com a sua vida pessoal. Quando o Presidente da República pergunta o que se tem de fazer para que haja mais nascimentos em Portugal a resposta pode passar por não fazer isto.

3) Numa altura em que a taxa de desemprego está nos 10,2% qualquer aumento nas horas de trabalho semanais é um convite para que esta taxa aumente. O país não pode continuar nesse caminho.

4) Estes grupos económicos continuam a apresentar lucros, por isso não se trata de estarem a introduzir medidas para sobreviver à crise mas sim estarem a aproveitar-se da crise para aumentar a exploração sobre os seus trabalhadores.

5) Os trabalhadores não querem “criar desconforto a milhões de portugueses” (palavras de Belmiro de Azevedo), querem sim alertar para esta situação injusta a que poderão vir a estar sujeitos.

6) Os consumidores são também trabalhadores, pelo que, estou certo, serão solidários com estes trabalhadores.

Os/as trabalhadores/as do comércio afectados/as por esta proposta gananciosa têm a solidariedade dos Precários Inflexíveis.

Ricardo Santana

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