Afinal o Estado está a fazer a sua parte?
Os sindicatos da Administração Pública estão preocupados com a situação de trabalhadores que estão há mais de uma década a falsos recibos verdes no Estado e que agora começam a receber cartas a cessar a prestação de serviços. De acordo com José Abraão, dirigente do Sintap, “o Estado está a livrar-se dos trabalhadores e a contratar empresas privadas”. Entre Governo e autarquias, são mais de 16 mil pessoas a recibos verdes que correm o risco de ficar no desemprego.Só nas autarquias, existiam em 2007 cerca de cinco mil trabalhadores em regime de prestação de serviços, ‘a maioria a falsos recibos verdes’, garante o Sintap. O Governo, que ergueu como bandeira o fim dos falsos recibos verdes, particularmente no Estado, tinha prometido a abertura de concursos para tentar integrar os trabalhadores em situação precária.
‘Mas o que acontece é que o Estado e autarquias estão a optar por transferir serviços para empresas privadas, deixando os trabalhadores no desemprego. É imoral’, refere José Abraão, que salienta que há casos de trabalhadores a recibos verdes ‘há doze anos que agora ficam no desemprego’.
O PI há muito que vem também denunciando este verdadeiro escândalo nacional. Há hoje mais de cem mil pessoas a trabalhar com vínculos precários para o Estado – nas autarquias, nos institutos públicos ou nos ministérios -, muitas delas de forma ilegal. A generalização dos falsos recibos verdes, uma das mais brutais formas de chantagem e exploração laboral, é um expediente ilegal e inaceitável e, quando é o próprio Estado a recorrer a estas formas de subemprego, está a autorizar o abuso sobre quem trabalha por esse país fora.
Sócrates e Vieira da Silva, perante a pressão das denúncias, têm dito que “o Estado fará a sua parte”. Infelizmente, temos visto exactamente o contrário: o novo Código do Trabalho institucionaliza a precariedade (e até foram já “congeladas” as migalhas das “medidas anti-precariedade”); as autarquias e os institutos públicos são zonas de excepção, onde as leis laborais não contam; inúmeros programas governamentais, como as Actividades de Enriquecimento Curricular, são assegurados quase exclusivamente com trabalho precário e ilegal.
O Governo vem ensaiando agora a transferência deste trabalho ilegal no Estado para o negócio das empresas de trabalho temporário. É assim que, para Sócrates e Vieira da Silva, “o Estado faz a sua parte”: distribuindo os lucros da exploração por interesses que substituem os direitos de quem trabalha. É isso que, por exemplo, se está a passar no call center da Segurança Social de Castelo Branco: o PI insistiu e não desiste de conhecer a posição da ACT sobre este caso, porque sabemos como é importante que a exploração e ilegalidade não se torne a regra, desde logo no trabalho em funções públicas.
é uma vergonha!
Assim o País vai de mal a pior.
ENTÃO E A CHANTAGEM QUE SE FAZ AOS DESEMPREGADOS PARA QUE ACEITEM IR TRABALHAR “DE BORLA” (SOB PENA DE PERDEREM O SUBSIDIO DE DESEMPREGO?SÃO OS FAMOSOS PROGRAMAS OCUPACIONAIS QUE EDXISTEM PARA QUE VAGAS NORMAIS DE TRABALHO EM NOTÁRIOS,ESCOLAS,DIAP,VÁRIAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS E PRIVADAS(JUNTAS DE FREGUESIA,BIBLIOTECAS…)SEJAM OCUPADAS POR PESSOAS EM SITUÇÃO MUITO FRÁGIL QUE MAIS NÃO PODEM FAZER QUE TRABALHAR 40H SEMANAIS SEM RECEBER…
Caro “Anónimo”,
Conhecemos a situação de que nos fala. Sabemos que muita gente é forçada a integrar estes “programas ocupacionais”, trabalhando, na prática, de borla. E muitas vezes para organismos públicos.
É muito importante conhecermos os testemunhos das situações concretas, que tantas vezes ficam escondidas pelo medo. Neste blog, além da informação e da divulgação de actividades, queremos também juntar estes testemunhos que, sempre que nos pedirem, serão anónimos.
Basta enviar um mail para precariosinflexiveis@gmail.com
Precários Inflexíveis
Os sindicatos mostram-se preocupados? Acho graça à preocupação. Deixam passar um código de trabalho que é a absoluta vergonha, onde a Administração Pública perde muitos dos direitos, e não satisfeitos fazem ouvidos de mercador à Portaria onde é necessário abrir um concurso para resolver situações de precariedade, em que os anos de trabalho a recibo verde seriam a própria justificação para resolver. Como fizeram em 1998. O Governo também era PS. Porque que não fizeram a mesma coisa agora? Porquê um Procedimento Concursal? Porquê prolongar as situação mais um ano?
Poder-se-á dizer, que não podiam fazer nada quanto à saída da Portaria, mas podiam ter feito alguma coisa depois de ser publicada.
Estou em situação precária há 13 anos num Organismo Público, liguei para o sindicato e simplesmente nao souberam o que dizer. Disseram que agora tenho que aguardar. Esperar. Realmente para quem está há 13 anos pode bem esperar mais 1 ano ou 2! É esta a resposta que se espera de um gabinete jurídico de um sindicato?
Não é este o trabalho que espero.
Por isso não me venham agora dizer que estão preocupados, a Portaria é de Janeiro, e neste momento estou à espera que alguém faça alguma coisa para abrir o concurso. É assim que o sindicato diz que está preocupado? É deixaram as coisas andarem???
Francamente. Deixem-se de hipocrisias.
o problema dos programas ocupacionais é que toda a gente tem medo de falar…não sei porquê!!!
Já tentei mas …
E. Mendes
Agora eu já fui apresentada a esses programas e o que vi e senti é que é realmente TRABALHO GRATIS e um total incumprimento do diploma