Bolsas: Júri do painel de Antropologia também denuncia alterações do resultado

As polémicas não cessam de aumentar em torno do último concurso individual de bolsas de doutoramento e de pós doutoramento da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). Além de todos os atrasos e polémicas que pontuaram o próprio concurso, ontem veio a público uma declaração do painel de avaliação na área da Sociologia, que acusa a FCT de ter publicado resultados diferentes daqueles decididos entre os membros do júri. Em protesto com essa situação, e requerendo esclarecimentos públicos urgentes por parte de Miguel Seabra, Beatriz Padilla, coordenadora do painel de avaliação, e João Teixeira Lopes, membro do júri, apresentaram a sua demissão.

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Hoje, vem a público mais uma denúncia de irregularidades, desta vez vinda do painel de Antropologia. Susana de Matos Viegas, ex-presidente da Associação Portuguesa de Antropologia (APA) e membro do júri de bolsas de doutoramento e de pós doutoramento deste concurso, declara que os resultados do concurso de Antropologia também foram alterados pelos funcionários administrativos da FCT. A notícia foi divulgada numa carta ao presidente da direcção e aos membros da APA.

A investigadora auxiliar do Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa lamenta ainda a percentagem baixíssima de aprovação das bolsas, que levou, ao contrário do discurso meritocrata de Miguel Seabra, a que candidaturas de “elevadíssima qualidade” ficassem “definitivamente excluídas”. Além disso, pela primeira vez, algumas áreas das Ciência Sociais foram obrigadas a juntar-se no mesmo painel. Desta forma, no concurso, Antropologia estava reunida com Geografia e Demografia, e Ciência Política foi acoplada com Direito. A FCT queria obrigar a que os resultados fossem decididos em conjunto para as áreas que foram “coladas”, desta forma, retirando-lhes a total autonomia de decisão. Em Antropologia, os membros do painel protestaram e conseguiram, de facto, essa separação, mas o painel de Ciência Política não obteve a mesma “benesse” por parte da FCT.

Este concurso já perdeu toda a legitimidade e garantia de transparência e de idoneidade necessariamente inerentes a qualquer concurso público. Miguel Seabra e Nuno Crato, que ainda não se manifestaram a este respeito, não têm condições de continuar nos seus cargos. Na sexta feira, às 15h30, Miguel Seabra vai-se apresentar perante a Comissão Parlamentar de Educação, Ciência e Cultura, e Nuno Crato foi hoje convocado, com um requerimento potestativo (o que significa que a maioria parlamentar não o poderá impedir), a responder no Parlamento sobre as políticas públicas de Ciência.

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