Comissário Europeu para o Desemprego defende êxodo dos trabalhadores

Foi ontem que László Andor veio propôr, como solução para o desemprego massivo que atravessa a Europa, a saída dos trabalhadores de países como Portugal, Grécia, Itália, Espanha, para outros países da União Europeia. Esta é a defesa inequívoca de uma Europa colonial, onde os trabalhadores das periferias se deslocariam para dois ou três países (onde as condições de trabalho e o nível de desemprego tão pouco são decentes). A Europa está sem projecto e os seus dirigentes apelam a êxodos em massa, desertificando o Sul para ir baixar os salários para o Norte.

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O Comissário húngaro para o Emprego, Assuntos Sociais e Inclusão veio ontem defender que a solução para o desemprego pode ser a maior mobilidade na Europa, ignorando que a taxa de desemprego é 12,1% para a zona euro e 10,9% para toda a União, e que portanto o problema não é circunstancial nem de alguns países. “Uma maior mobilidade é parte da solução dos actuais problemas”, declarou Andor a jornalistas portugueses em Bruxelas. “É importante que as pessoas que procuram trabalho estejam dispostas a mudar de país. Isso é algo que deve ser encorajado e apoiado”, disse. Pedro Passos Coelho encontrou o seu congénere na proposta de migração dos mais qualificados e dos mais jovens, destruindo os países de que partem para se encontrarem sem emprego nos países onde chegam (apenas a Áustria tem menos de 5% de desemprego). Segue exactamente a mesma linha do primeiro-ministro, falando de um longo-prazo longínquo para evitar ter que lidar com o impacto da partida das camadas mais dinâmicas da população “Se forem para um país dentro da UE, é possível que voltem, é mais fácil”, diz, defendendo que “assim que a economia recuperar, o movimento de pessoas pode tornar-se mais circular”.

A alternativa à ideia de exportar quem trabalha para o centro da Europa, onde o desemprego também está a bater níveis históricos e a subir, é que emigrem para fora da Europa. Estará a Comissão Europeia tão incapaz de pensar fora da austeridade que, como o Governo Português, apela a quem vive na União a que parta?

O Comissário Europeu terminou atribuindo o desemprego não à austeridade, aos despedimentos em massa, à precarização de quem trabalha, à destruição das legislações laborais e ao embaratecimento do despedimento, mas à crise financeira “Primeiro tem de se resolver isso, mas depois devemos tentar reduzir o desemprego para valores abaixo dos registados antes da crise”, rematou. O rumo da União Europeia escolhido por esta Comissão e este Banco Central é a destruição da Europa, principalmente das populações dos países mais periféricos, atacando simultaneamente quem trabalha no centro da Europa e pondo a Directiva Bolkenstein em pleno uso no seu espírito: pôr trabalhadoras e trabalhadores a ganhar no país para o qual emigram aquilo que ganhariam no seu país de origem, colocando as populações umas contra as outras na utopia de exploração máxima em todo o continente.

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