Espanha: mais de 2 milhões na rua contra reformas laborais
O executivo liderado por Mariano Rajoy, enfrentou este Domingo, a primeira grande manifestação contra as suas políticas. As duas maiores centrais sindicais espanholas (Comissiones Obreras e UGT) convocaram 57 manifestações para diferentes cidades do país vizinho e segundo as suas estimativas estiveram na rua mais de 2 milhões de pessoas – das quais, 500 mil em Madrid, 400 mil em Barcelona e 150 mil em Valência – que se manifestavam contra as reformas laborais adoptadas no dia 11 de Fevereiro pelo governo central do Estado Espanhol.
Lá como cá, a austeridade é discurso diário e assumido como inevitável. O desemprego em Espanha atingiu uns inacreditáveis 22,85%, sendo que o desemprego jovem está perto dos 50%. Lá como cá a resposta para diminuir o desemprego é criar condições para que os e as trabalhadoras possam ser despedidos de forma mais fácil e com menores indemnizações.
O partido do poder, os liberais do PP, utilizaram a sua maioria no parlamento para diminuir a indemnização por despedimento sem justa causa de 45 dias de salário por ano trabalhado para 33, sem ultrapassar os 24 salários. Nos despedimentos por justa causa, as indemnizações não poderão ultrapassar os 20 dias por ano de trabalho.
Outra das medidas implementadas, é a possibilidade de uma empresa que conte com menos de 50 trabalhadores, poder despedir alguém, durante o primeiro ano de trabalho nessa empresa, sem qualquer necessidade de justa causa nem de pagamento de indemnização. Estas empresas representam cerca de 90% do tecido empresarial espanhol e empregam dois terços dos assalariados em Espanha. Tal medida irá aumentar a precariedade laboral de uma forma assustadora, podendo estas empresas funcionar como placas rotativas de trabalhadores numa engrenagem que demonstra ter cada vez menos respeito pelos seus direitos e pela sua dignidade pessoal.
Lá como cá, os partidos liberais que estão no poder, vão fazendo profundas alterações ao funcionamento do estado social que é a base da criação da Europa como hoje a conhecemos. Estes governos, através de decisões autoritárias e profundamente anti-democráticas, vão legislando sob um ponto de vista puramente economicista esquecendo-se que por detrás dos números e das percentagens, estão a empurrar para a pobreza e o desespero milhões de pessoas.
Lá como cá, a única resposta é a denúncia desta situação e a luta por uma alternativa mobilizadora que mostre que só se pode gabar de ter sensibilidade social quem realmente a pratica. Lá como cá, começamos todos e todas a perceber que a resposta tem de ser cada vez mais forte e obrigatoriamente internacional!
Galeria de fotos do El País.
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