Estatísticas do desemprego escondem a realidade
O INE lançou recentemente as estatísticas do emprego relativas ao segundo trimestre de 2014, dando conta de uma descida de 1,2 pontos percentuais da taxa de desemprego em relação ao trimestre anterior e 2,5 pontos percentuais em termos homólogos, 13,9%. Assim, no espaço de um ano a população desempregada teria baixado 139,7 mil pessoas. Nos últimos dias, apesar da hegemonia do assunto BES na comunicação social, atropelaram-se as vozes do Governo, dirigentes, ministros e opinion makers, para saudar a descida do desemprego como consequência das assertivas políticas praticadas na era da troika. Pedro Mota Soares, ministro da solidariedade, emprego e segurança social, como não poderia deixar de ser, foi o mais empolgado celebrador dos resultados então anunciados – “a economia portuguesa está a criar cada vez mais emprego”.
Os números do INE e a propaganda que os rodeia escondem a realidade: o número de desempregados real é bastante superior, certamente acima dos 20%. Se somarmos aos desempregados contabilizados, todos aqueles que têm vindo a ser eliminados das estatísticas do desemprego (inactivos, subempregados e trabalhadores forçados pelo IEFP a integrar acções de formação e a aceitar contratos emprego-inserção) e todos os que foram forçados a emigrar, conseguiremos somar muitas centenas de milhar de verdadeiros desempregados que foram ocultados das estatísticas oficiais. Só em 2012 emigraram 120 mil pessoas, o correspondente a 86% da redução do nível de desemprego contabilizado nas estatísticas dos últimos 12 meses. Há ainda a ter em consideração o acréscimo de emprego gerado consequente da sazonalidade típica do período de verão. Todos os anos todos os Governos gritam vitória para as políticas de emprego durante o Verão. É mais fácil do que acertar nas previsões meteorológicas.
by