Fugir à precariedade…

Na página 2 da edição de ontem do jornal Público, falava-se de Europa, jovens, desânimo, “alheamento da política”, desemprego, precariedade, falta de perspectivas.

Destacamos aqui um excerto, que inclui o testemunho duma bolseira de doutoramento, forçada à imigração para fugir à perspectiva de integrar os 2 milhões de pessoas sujeitas à precariedade em Portugal:

“Marta Sousa, bolseira de doutoramento, tem 35 anos e uma vida toda marcada pela circulação europeia. “Fiz o meu Erasmus em Barcelona, em 1995, e, em 2000, decidi fazer o mestrado em Edimburgo. O meu marido é alemão e foi-me apresentado por uma amiga que conheci em Madrid e que o tinha conhecido a ele durante um curso na Palestina.” Marta e Volker casaram-se, tiveram um filho, que tem dupla nacionalidade, e, apesar de residir oficialmente em Portugal, Marta tem passado os seus dias na Alemanha, na fase final do seu doutoramento sobre baldios e risco de incêndio.

(…)

Marta Sousa nem precisa de olhar para os números do desemprego entre os jovens para admitir fixar-se na Alemanha. “O meu futuro em Portugal é um bocado limitado. As perspectivas de arranjar um emprego fixo que consiga suplantar o ordenado do meu marido são nulas.” A alternativa seria talvez engrossar o coro de movimentos como os Fartos Destes Recibos Verdes ou os Precários Inflexíveis que representam os perto de um milhão de “falsos recibos verdes”, mais os outros tantos que se dividem entre os contratos temporários, os estágios, as bolsas, os empregos intermitentes. Há dias, o jornal francês Le Monde apontava estatísticas segundo as quais a precariedade laboral será a realidade de 53,3 por cento dos portugueses que hoje têm menos de 25 anos.

(…)”

Facebooktwitterredditlinkedintumblrmailby feather