Governo recua nos 30 minutos extra de trabalho diário
Na reunião da concertação social de hoje, onde estão representados Governo, patrões e sindicatos, tornou-se claro que o Governo deixou cair a ideia de mais 30 minutos de trabalho não pago por dia.
A CGTP, pela voz de Carvalho da Silva, explicou imediatamente que este recuo do Governo significa que “vale a pena lutarem pelos seus direitos” porque “há matérias que não entraram neste acordo que está a acabar de ser cozinhado entre alguns, entre os quais o aumento do horário de trabalho”. E de facto assim é, a disponibilidade demonstrada para a luta, através da organização e intervenção dos trabalhadores, em defesa da conquista histórica das “oito-horas” diárias de trabalho, foi relevante e decisiva no desfecho político. Mas não só…
A hegemonia social e ideológica contra esta proposta foi demasiado evidente e penalizadora para a imagem do governo, com muitos dos intervenientes políticos, da esquerda e até à direita, a negarem os efeitos práticos da mesma e colocando-se no lado oposto.
Retirava também legitimidade à propaganda de que “o governo está disponível para dialogar”, tanto mais que até os patrões se queixaram do método de divulgação (ou decreto) da medida, porque dificultava a sua aplicação. Ou seja, para os patrões a medida era boa, mas a forma como o governo avançou dificultou a encenação em Concertação Social. Por outras palavras, António Saraiva, da CIP, lá ia dizendo que “…até dava para meter isto, mas não devia ter sido assim.”.
Agora, a retirada desta medida coloca como provável qualquer acordo, e isso significa que há um sector da sociedade portuguesa ao qual poderá ser, mais uma vez, dito que a austeridade é inevitável e a destruição do trabalho é negociável. Nós não o consideramos assim. A retirada da meia-hora de exploração gratuita não pode ser o instrumento usado para afirmar que há qualquer negociação quando a destruição das nossas vidas e do trabalho em Portugal são também o prenuncio do fim dos direitos essenciais na vida, e até, da economia do país que precisa de ser dinamizada.
É importante que continuemos a lutar, porque o Governo pretende legalizar a precariedade, tornar o despedimento mais barato e sem justa causa e aumentar o preço dos transportes, da saúde e das rendas.
Sabemos que há alternativas sociais e económicas. Estamos dispostos a lutar por elas… aparece tu também.






