IEFP exige leitura de discurso de Sócrates para concurso interno

O Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), organismo tutelado pelo Ministério do Trabalho e da Segurança Social e que tem por função tratar das questões relacionadas com o emprego (e, já agora, devia também tentar também resolver as situações de desemprego…), impõe, num concurso para preenchimento de vagas para “técnico administrativo principal”, a leitura de um texto político de José Sócrates. É um exemplo chocante da lógica da abosuta obediência na Administração Pública deste Governo, justamente num organismo com especiais responsabilidades nesta matéria.

O texto em causa está disponível no site do Programa Novas Oportunidades (com a fotografia do eloquente autor, de braços cruzados, que aqui partilhamos) e, ironicamente, encontra-se na secção “Ambição”. Quem se candidata às referidas vagas no IEFP tem que conhecer a voz do chefe que, em ano de eleições, não desiste da propaganda permanente e da domesticação da Administração Pública.

A notícia, divulgada pelo Diário de Notícias na edição de sábado passado (disponível aqui), revela ainda uma preocupante ligeireza do Presidente do IEFP, Francisco Madelino: apesar de admitir que, “em última instância”, a responsabilidade é sua, “não é um crime de lesa-pátria” incluir matéria política como critério explícito de selecção num organismo público.

O Governo, num ano de muitas eleições, parece estar disposto a tudo. Depois de escandalosamente dispensar as autarquias de desenvolverem concursos públicos as empreitadas até 5 milhões de euros, talvez já seja difícil espantar-nos… Que outras medidas de instrumentalização do Estado a seu favor terá ainda José Sócrates para nos mostrar?
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