O Outubro quente e o medo dos troikistas
O mês de Outubro de 2013 já começou e deixa todos os sinais de ser um mês intenso de combate à troika, governo e troikistas afins. De ocupações a greves, de manifestações a outros protestos, a contestação que o governo zombie e quem se beneficia da sua acção sofre é insuportável. Também por isso preparam a sua resposta mesquinha: enquanto no Metro de Lisboa a administração ataca os sindicatos em dia de greve, o governo tenta proibir a manifestação na CGTP numa ponte onde anualmente há 4 a 5 maratonas. Medo.
A semana passada professores desempregados e alunos invadiram o Ministério da Educação ao mesmo tempo que enfermeiros sindicalistas invadiram o Ministério da Saúde. No dia 5 de Outubro manifestantes vaiaram insistentemente Cavaco Silva e Passos Coelho nas comemorações do extinto feriado da Instauração da República. Mas o calendário acelera: hoje há greve no Metro de Lisboa, para a semana começa uma greve de cinco dias dos enfermeiros e a Direcção Geral do Orçamento marcou greve para os três dias que antecedem a apresentação da proposta do Orçamento de Estado (12, 13 e 14 de Outubro), perigando a entrega na data-limite do massacre que será apresentado a 15 de Outubro. Depois de 15 de Outubro estão também já identificados dois importantes momentos de manifestação sequenciais: a 19 de Outubro a manifestação da CGTP nas pontes em Lisboa e no Porto e a 26 de Outubro a manifestação Que Se Lixe a Troika, Não Há Becos Sem Saída! em todo o país. O governo treme, assim como todos aqueles que defendem as suas políticas de destruição em massa. E a resposta é tentar boicotar os protestos, tentar deslegitimá-los, tentar assustar as pessoas para que fiquem em casa, para que comam e calem, para que se resignem.
Ontem o Sistema de Segurança Interno emitiu um parecer a desaconselhar a manifestação da CGTP na ponte 25 de Abril por “motivos de segurança”, motivos esses que nunca existiram, por exemplo nas maratonas e nas meias maratonas que atravessam a ponte e que contam com centenas de milhares de participantes ocupando todo o tabuleiro. A CGTP já anunciou que não pretende desistir de fazer a manifestação, enquanto o Ministério da Administração Interna anunciou que vai proibir a manifestação, uma novidade para o regime político em que vivemos mas que anuncia aquele regime para o qual governo e troika nos querem levar.
Hoje a Administração do Metro de Lisboa, notoriamente conhecida por contratar swaps tóxicos que fizeram a empresa pública perder centenas de milhões de euros, atacou directamente os representantes dos trabalhadores numa afixação pública, onde diz que “lamenta profundamente todas as perturbações causadas pelos sindicatos aos clientes e à cidade e prosseguirá o seu propósito de assegurar a sustentabilidade e o futuro do Metropolitano de Lisboa”. Esta provocação e agressão aos sindicatos, divulgada em todas as estações de metro, procurará seguir o mesmo caminho produzido na Carris, de desmantelar as organizações de sindicatos e precarizar os trabalhadores, enquanto destruiu durante anos os activos financeiros e esbanjou o dinheiro em investimentos tóxicos de risco. A falta de vergonha na cara é também uma das notas dominantes do regime da troika e dos seus acólitos.
No entanto, a força deste Outubro parece continuar imparável, e as iniciativas vão-se reproduzindo em todos os sectores da sociedade. Não passarão!
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