Opinião :: Democratizar é deixar o povo decidir e romper o autoritarismo

Neste mês de Dezembro, o mesmo mês em que trabalhadores e pensionistas viram os seus subsídios de Natal emagrecer e a poucos dias da chegada de um novo ano que poderá ficar marcado por uma histórica desvalorização do trabalho e degradação de direitos sociais, Pedro Passos Coelho lança a sua mensagem de Natal, uma comunicação pautada pela mentira, que promete medidas incompatíveis com as decisões e com a forma antidemocrática como estas têm sido tomadas pelo seu Governo.

Depois das sugestões de emigração, primeiro pelo Secretário de Estado do Desporto dirigindo-se aos jovens e depois pelo próprio primeiro ministro, este vem agora afirmar que somos todos precisos: “uma sociedade que se preza não pode desperdiçar nem os mais jovens nem as pessoas que se encontram numa fase mais avançada da sua vida activa”. Em Portugal existem cerca de um milhão de desempregados e a recente aprovação do aumento do horário de trabalho em meia hora de trabalho forçado excluirá milhares de trabalhadores, empurrando-os para o desemprego.
Diz estar consciente das dificuldades sentidas pela população, das desigualdades e das injustiças e afirma que “2012 será um ano determinante para nós, porque temos muitos compromissos para honrar, objectivos orçamentais e financeiros para cumprir, mas sobretudo porque temos muitas reformas estruturais para executar” para depois prometer o incompatível, a democratização da economia, pois as metas a cumprir enunciadas, desculpadas com a troika e impostas como inevitáveis não são de todo democráticas.
Mas numa coisa Passos Coelho tem razão, 2012 vai ser determinante para todos nós, trabalhadores, pensionistas, jovens e desempregados, e é por isso que temos de nos organizar, de juntar forças e ideias e exigir a democracia contra as falsas inevitabilidades do Governo e romper o autoritarismo do FMI, da Merkel, do Sarkozy, e do resto da canalha. Não queremos ficar na penúria para salvar a finança e pagar  os banquetes do patronato.
Muito se falará de democracia nos tempos que se avizinham mas não haverá discurso nenhum que nos convença a nós, cidadãos, que a destruição dos salários, a perda de direitos e a degradação do Estado Social em prol do capital financeiro são decisões tomadas democraticamente.
Ricardo Vicente 
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