Passos dispara para todo o lado

“Perdido por cem, perdido por mil” é o novo lema do velho Governo de Passos e Portas. O primeiro-ministro dispara para todos os lados e, perante o precipício para o qual se de deslocou e para o qual arrastou todo o país, dá a entender que, perante a deslegitimação total do remendo governamental, pretende acelerar tudo e rebentar tudo o que for possível: depois de na manhã voltar a insistir na expressão fascista de União Nacional, Passos aproveitou uma tarde de festa do PSD para atacar os funcionários públicos, a Constituição e o Tribunal Constitucional.

Imagem: Bernardo Ereira
Imagem: Bernardo Ereira

Passos assobia para o lado desde Fevereiro de 2012 sobre os cortes de 4,7 mil milhões que teria que fazer no Retalho (Reforma) do Estado. Ontem veio a público algo que o primeiro-ministro já saberia, mas que agora ficamos todos a saber: há um buraco de 6 mil milhões de euros nas PPPs da Saúde, apenas referentes a 4 hospitais e 2 centros de atendimento. Mesmo sem a flexibilidade contabilística de Vítor Gaspar, Passos Coelho vê depois da sua tentativa de semana de estado de graça que a ficção do novo ciclo esboroa-se publicamente. Mas sabe-se que não é homem de se ficar ou se calar, e por isso ontem em Vila Real voltou à carga sobre os mesmos de sempre, dizendo que os funcionários têm de ir para o desemprego (juntando ao milhão e meio que já existe) ou “ir fazer alguma coisa para outro lado”. “O que não for [importante] tem que deixar de ser feito e as pessoas que faziam aquilo que era menos importante têm de ser afectas a fazer outras coisas que são mais importantes”, sabendo à partida todos nós, que para Passos Coelho, grosso modo, o Estado não tem que fazer nada que não seja cobrar impostos e entregá-los à banca e às finanças.

Aproveitou ainda estar em presença de terreno controlado para atacar a Constituição e o Tribunal Constitucional, dizendo que despedir dezenas de milhares de funcionários públicos e desmantelar os serviços públicos, no tal Retalho (Reforma) do Estado é o que faz “qualquer país desenvolvido do mundo” e não acredita “que a nossa Constituição nos impeça de fazer o que qualquer sociedade desenvolvida faz”. Passos Coelho, que há pouco tempo dizia às pessoas que era preciso empobrecer e que as mais qualificadas deviam emigrar faz agora apelos ao desenvolvimento, enquanto transforma Portugal num país do Terceiro Mundo. O líder do governo zombie, governo cadáver, governo vampiro ou qualquer outra assombração ficcional, como é o governo e o seu líder, dizem tudo e o seu contrário, justificam o injustificável, atacam o inatacável e defendem o indefensável. Mas o plano não muda um centímetro: a troika o diz, Passos o faz. E por isso as justificações para prosseguir serão cada vez mais desesperadas. A porta da rua é o único caminho: Demissão.

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