“Precários presos por um fio” na Amadora

Hoje a campanha contra as políticas de austeridade “Precários presos por um fio” esteve na rua, os Precári@s Inflexíveis estiveram no Centro de Emprego da Amadora. Por volta das 8:15 já havia cerca de uma centena de pessoas em fila para o centro do IEFP, que esperavam pela abertura das portas, às 9:00. A situação é igual todos os dias, centenas de pessoas passam por aqui para fazer a apresentação quinzenal obrigatória, obter formação, requisitar subsídio de desemprego, ou à procura de emprego..
Em diversas conversas, que tivemos com as pessoas que se encontravam na fila, encontramos os mais diversos casos: “Estou desempregado há mais de um ano, e tenho quatro filhos em casa. Quero ir trabalhar. Tenho despesas para pagar.” disse-nos o João. A Raquel veio pela primeira vez à procura de emprego, depois de ter terminado o estágio, e quando lhe perguntamos em que situação se encontram os seus colegas, que terminaram o curso no ano anterior, a sua resposta foi clara: “desemprego”. Outra pessoa, disse-nos que a sua empresa foi despedindo os trabalhadores aos poucos, até restar apenas ele… que teve de ser despedido.

Mas há uma diferença nestas pessoas em relação às mesmas que se apresentaram aqui nos meses passados, é que apesar do aumento do número de desempregados, e com a crise social que isso significa, entraram em vigor mais medidas de austeridade:

O valor máximo do subsídio diminuiu para 75% do salário líquido anterior, aliado à obrigatoriedade de os desempregados terem de aceitar uma oferta de emprego nesse valor. Esta proposta apenas serve para reduzir os salários.

O conceito de agregado modificou-se, assim como o valor atribuído a cada pessoa, o que leva à impossibilidade de muitas pessoas acederem a um subsídio para o qual contribuíram para a eventualidade de uma situação de desemprego. Sobre isto é curioso observar o exemplo que está no site da Segurança Social, onde se exemplificam as novas regras de capitação do agregado familiar. Neste caso a Segurança Social prevê que uma família de 5 elementos sobreviva com 1.400€ por mês… e nega o subsídio de desemprego ao pai, desempregado.

Para melhorar tudo isto, os dias de descontos obrigatórios são aumentados, passando de 365 para 450 dias.

Sabemos que agora é a hora de falar sobre isto e de protestar, antes que o fio se parta! Não temos ilusões: esta política é a austeridade sem fim à vista. O efeito destas medidas agora implementadas será a permanente austeridade para a maioria, durante longos e penosos anos. Ameaçam-nos também com mais desregulamentação das leis laborais, com mais precariedade, com menos salário, com a destruição dos serviços públicos e do Estado Social. Os Precári@s-Inflexíveis estão e querem estar do lado contrário, juntando a sua voz nesse combate sem tréguas pelo nosso futuro.

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