Que se Lixe a Troika! Quero a minha Vida! :: João Camargo
Via Manifestação QUE SE LIXE A TROIKA! QUEREMOS AS NOSSAS VIDAS!
E nós comemos esta versão, herdámos pelos ouvidos e pelos olhos a culpa da crise. Ouvi pobres, que toda a vida viveram no desenrascanço e na penúria, dizer que tinham vivido acima das suas possibilidades. Ouvi de pessoas que nunca tiveram dinheiro de sobra ao fim do mês dizer que tinham gastado demais, que não deviam ter enviado os seus filhos para a escola, que tinha sido um luxo. Ouvi o homem mais rico do país dizer que não era rico e ouvi o segundo homem mais rico do país dizer que os seus próprios trabalhadores eram uns preguiçosos e que a sua fortuna, a tinha feito ele sozinho. Ouvi um governante eleito dizer que tínhamos todos de empobrecer e que quem tinha juventude e capacidades, deveria partir, ir embora. Herdámos o espírito da derrota, da submissão e do individualismo, com que nos querem domesticar e voltar a tornar um povo pobre, burro e miserável, arrastando-se nas sobras das fortunas das 5 ou 10 famílias ricas do país. Mas há uma coisa importante a saber acerca das heranças: não temos de aceitá-las. E por isso vi também milhares de pessoas mobilizar-se, vezes sem conta, tentanto novos modelos, novas organizações, novas articulações. Por vezes funcionou, outras não. Mas tentou-se, uma e outra vez, e enquanto houver vida e gente digna que fique em pé e que resista, a herança pode ser rechaçada.
Sou activista há poucos mas intensos anos na área da precariedade, e também tenho trabalhado na questão da dívida pública. São dois assuntos da maior relevância nos dias de hoje, e intimamente ligados com tudo o que se vem passando na degradação das nossas vidas, no desemprego à nossa volta, dos trabalhos presos por cordéis que encurralam as pessoas e lhes retiram a confiança e a dignidade, na justificação para impôr medidas de austeridade embora não se saiba o que estamos a pagar, apenas que é preciso pagá-lo. E os barões da moralidade vêm falar-nos do seu trono da nossa necessidade de aceitar em paz e tranquilidade que tenhamos que pagar o que eles se recusam a divulgar, e pagá-lo com juros através da destruição da nossa sociedade.
A nossa sociedade, como as outras sociedades do sul da Europa, têm muitos problemas, e muitos problemas comuns também. Mas hoje temos todos não um espinho no pé, mas uma pistola na boca, e ela chama-se troika. Meteram-na na nossa boca para – dizem – salvar-nos. Mas tudo o que aconteceu desde que ela veio foi piorar o que já estava mal. Diziam que não havia dinheiro – agora há muito menos. Diziam que não havia crescimento – agora há recessão. Diziam que não havia emprego – estaremos cada vez mais perto de dobrar o número de pessoas que não têm emprego. Diziam que a precariedade era um grave problema – e por isso decidiram torná-la regra. Diziam que tínhamos de cumprir os nossos compromissos – e por isso rasgaram um dos nossos compromissos mais antigos e mais consensuais, a Constituição da República e todas as leis que foi preciso ignorar para aprovar as medidas impostas pela troika. Diziam que era preciso pagar o que devíamos – e por isso foram pedir mais dinheiro emprestado, com mais juros, e foram buscar o dinheiro de quem trabalha todos os dias e de quem descontou a vida toda para poder ter uma velhice tranquila. Faz-nos ter que perguntar qual era verdadeiramente o objectivo da intervenção da troika, se tudo aquilo que era previsto tratar, piorou? O objectivo da troika era um e um só – impôr um novo regime – o regime da austeridade. Hoje temos um novo inimigo, comum e absoluto: chama-se austeridade, e o seu representante máximo é a troika. O governo português, como os seus congéneres mediterrânicos, apenas tem a força política para impôr a austeridade por ter a troika nas costas, a puxar cordéis e a dar direcções de fora. Temos um novo inimigo e é um inimigo comum e absoluto. É um inimigo para todas as lutas que se travam neste momento. É um inimigo para quem defende os direitos dos imigrantes, para quem luta contra a pobreza, contra a precariedade e o desemprego, contra o racismo, contra a destruição do SNS, para quem luta pela cultura, pela protecção do ambiente, pela liberdade de informação, pela justiça, pela liberdade, pela democracia e pela dignidade na sociedade. Todas as lutas são importantes. Todas têm de ser travadas. Encontramos na troika uma raíz para todos estes males. Não é a única mas é, neste momento, a mais importante. É tempo de enfrentá-la abertamente. Colectivamente. Façamos de dia 15 um dia em que novamente voltemos a enfrentar e a desafiar não só a troika e o governo como a nós mesmos e o nosso isolamento. Chega de silêncio. Já não se pode! Está na hora de virar o bico ao prego.
Não escolhemos o tempo em que vivemos. Só nos é dado a escolher o que fazer com esse tempo que temos. Queimemos as heranças de individualismo que leva à resignação, submissão e derrota. Reergamos o legado de desafio, de disputa, de solidariedade e de força para mais uma vez nos levantarmos, recusando ser guiados mansamente para o precipício.
Organizemo-nos para a dura luta que temos pela frente. Façamos algo de extraordinário.
Dividiram-nos para nos oprimir. Juntemo-nos para nos libertarmos.
JOÃO CAMARGO, Engº do Ambiente, Associação de Combate à Precariedade – Precários Inflexíveis, Auditoria Cidadã à Dívida»
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E que fazer João Camargo? Continuar a fazer milhões de manifestações que têm tanto de inúteis como de incentivo à rapina do Grande Dinheiro?
Ouve-se muitas vezes dizer que “a violência gera violência”, que “a violência nunca consegue nada”, ou que “se se usar a violência para nos defendermos daqueles que nos agridem, ficamos ao nível deles”. Todas estas afirmações baseiam-se na noção errada de que toda a violência é igual. A violência pode funcionar tanto para subjugar como para libertar:
* Um pai que pegue num taco para dispersar à paulada um grupo de rufias que está a espancar o seu filho, está a utilizar a violência de uma forma justa;
* Uma mulher que crave uma lima de unhas na barriga de um energúmeno que a está a tentar violar, está a utilizar a violência de uma forma justa;
* Um homem que abate a tiro um assassino que lhe entrou em casa e lhe degolou a mulher, está a utilizar a violência de uma forma justa;
* Um polícia que dispara contra um homicida prestes a abater um pacato cidadão, está a utilizar a violência de uma forma justa;
* Os habitantes de um bairro nova-iorquino que se juntam para aniquilar um bando mafioso (que nunca é apanhado porque tem no bolso os políticos, os juízes e os polícias locais), estão a utilizar a violência de uma forma justa;
* Um povo que usa a força dos músculos e das armas (já que sonegado de todas as entidades que que o deveriam defender), contra a Máfia do Dinheiro acolitada por políticos corruptos, legisladores venais e comentadores a soldo, cujos roubos financeiros descomunais destroem famílias, empresas e a economia de um país inteiro, esse povo está a utilizar a violência de uma forma justa.
Num país em que os políticos, legisladores e comentadores mediáticos estão na sua esmagadora maioria a soldo do Grande Dinheiro, só existe uma solução para resolver a «Crise»… Somos 10 milhões contra algumas centenas de sanguessugas…
Felizmente por agora trabalho mas claro que sim devemos de uma vez comprometer a Politica e os Políticos deste Pais pois sem sombra de duvida são os Papões do nosso dinheiro,é vergonhoso o que ganham de ordenado assim como as despesas que lhes são pagas,carros , refeições ,etc,etc.
Dizem que isso são migalhas e não resolvem o Problema mas que grande treta e descaramento,é só fazerem as contas de quantos desses Papões existem em Portugal e de certeza teríamos a divida paga em bem pouco tempo,mais se são migalhas então porque não abdicam delas,cambada de ladroes disfarçados e ainda a nossa justiça os encobre porque também ai se gerou a muitos anos os Papões da mesma família,ou isto acaba ou então claro que nós cidadãos trabalhadores temos tudo comprometido durante várias gerações