TESLA, capitalismo verde e mais do mesmo: lucros, consumo e precariedade.
Elon Musk criou a TESLA e é aplaudido como se de um herói se tratasse e como se construir giga fábricas (o equivalente a 262 campos de futebol americano!) de carros movidos a energia elétrica bastasse para combater as alterações climáticas. Ou não fosse este só mais um negócio propagado pelo que agora chamam de capitalismo verde, com vista a conseguir o monopólio dos carros elétricos – porque investir em transportes públicos não rende tanto, ora. É Elon Musk mais um patrão que não olha a meios para atingir os lucros? Parece que sim e os trabalhadores e trabalhadoras já se fizeram ouvir.
Foi no início deste ano que surgiram os primeiros relatos contra o que diziam ser condições de trabalho que não estavam à altura do que era suposto ser a “fábrica do futuro”. Entre eles e elas, contam-se Jonh Moran e AJ Vandermeyden. O primeiro, fala das semanas de trabalho de 60 a 70 horas, onde a pressão para produzir é constante e de como os salários são dos mais baixos dentro da indústria automóvel. A isto se juntaram as represálias a que foi sujeito por defender a necessidade de existir um sindicato (ideia nada agradável aos olhos do capitalista Elon Musk). AJ Vandermeyden, por sua vez, denuncia o ambiente machista e opressor que se vive dentro da fábrica, já que para além de receber menos do que os homens com formação inferior à sua, ainda foi alvo de retaliações por se tentar defender e por exigir a igualdade de género dentro da empresa que agora (quase) todos querem trazer para Portugal.
Elon Musk, como bom capitalista que se preze, respondeu às acusações mostrando-se surpreendido com tamanha injustiça contra a sua bela oportunidade de negócio, acusando até Jonh Moran de estar a ser pago para difamar a “fábrica do futuro”, e dando a entender que todos deveriam era estar extremamente gratos por terem trabalho – aquele velho argumento usado para banalizar e relativizar este modo de escravatura moderna para o qual nos vão arrastando. Não fosse isto absurdo o suficiente, Musk termina relembrando que nem tudo é mau: há até festas e um possível grande projeto de postos de iogurte gelado gratuito para todos os trabalhadores! Parece que entreter os trabalhadores com coisas supérfluas enquanto se desvaloriza o trabalho e o tempo de quem produz se tem tornado prática comum nas corporações.
Por cá, é tanta a vontade de ter uma giga fábrica que existe já um movimento e uma petição a circular defendendo que Portugal reúne todas as condições necessárias para o efeito. Estarão aqui incluídos os baixos salários e as condições de precariedade a que já nos habituaram a ter um pouco por todo o mercado de trabalho português? Sim e até temos lítio para explorar e tudo.
A lógica de lucro constante tem de acabar. A alternativa é possível e o combate às alterações climáticas não pode, nem deve ser encarado como um negócio. Campanhas como os Empregos para o Clima defendem um modelo onde as pessoas se unam em defesa do bem comum e não em função de lucros individuais: criar empregos novos com o apoio do setor público e em áreas com impato direto na redução das emissões de gases de efeito de estufa (GEE), seja por por via das freguesias, de cooperativas ou de associações.
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O lucro tem de existir para permitir a subsistência da empresa. O que não deve existir são as margens de lucro extorsionistas que apenas servem para manter acumulações de riqueza e estilos de vida (inutilmente) luxuosos, e muitas vezes estas margens são obtidas não só através do preço do produto mas também do pagamento de salários baixos, negligência nas condições de trabalho e desprezo das normas ambientais…