Testemunho: C. M. da Maia contrata arquitectos sem recorrer a entrevista
“Sou arquitecta, licenciada há um ano. Neste momento encontro-me a concluir o meu estágio para a Ordem.
Antes da conclusão da minha licenciatura, trabalhei no gabinete de um conhecido e prestigiado arquitecto português, no qual recebia por mês 100€. Recebia uma nota no final do mês, todos os meses.
Actualmente, não existe trabalho para os arquitectos que estão a sair do ensino superior. Tenho muitos colegas que estão sem fazer nada há cerca de um ano, porque nem estágio para a ordem arranjam. Os estágios actualmente não são remunerados porque quem procura candidatos entende que pode prescindir de lhes pagar, porque é já uma sorte conseguirem um local onde estagiar.
A Câmara Municipal da Maia, abriu duas vagas para arquitectura, à qual me candidatei. Foram publicadas as listas classificativas dos candidatos admitidos, mas a verdade é que não existiu qualquer entrevista aos candidatos. Pedi um esclarecimento adicional junto dos recursos humanos desta autarquia, ao qual me foi respondido que “os candidatos que ficaram classificados já estão a exercer as respectivas funções que lhes foram atribuídas”.
Recorri à legislação em vigor e a percebi, para minha surpresa, que o processo de selecção é da responsabilidade do organismo em questão. – “O recrutamento e selecção dos candidatos é da responsabilidade do serviço ou organismo da administração central ou do instituto público onde vai decorrer o estágio, podendo os ministros da tutela fixar critérios de selecção“, Artigo 6º do DL Nº 326/99.
Não deveria existir um método específico e mais rigido na selecção dos candidatos?
A realidade é que estes concursos públicos são alvo de muita polémica e, a selecção destes, muitas vezes apontados como pedidos de favores de terceiros.
Eu como candidata e como licenciada em arquitectura tenho ouvido especular à cerca desta situação mas a realidade é que nunca quis de facto acreditar que tal situação fosse possível.”
Os meus parabéns pela sua coragem, os PRECARIOS têm conhecimento de alguma coisa do género?
Cara colega,
Já espreitou o anúncio do concurso em Diário da República? Geralmente aí vêm explicitados os critérios de selecção. Critérios esses que são bastante variáveis na verdade. Há também um prazo para consultar o processo e apresentar reclamações…
Infelizmente, pela minha experiência (já participei numa série de concursos) os lugares estão regra geral atribuídos à partida e nem é muito complicado saber isso – as coisas são bastante descaradas. Quando os currículos das pessoas «escolhidas» são mais fracos, os serviços dão a volta na entrevista… não há muito como fugir a isto.
Boa sorte na procura de emprego!